
Ellison se muda para uma casa onde os antigos donos foram assassinados. Investigando as mortes, ele e sua família viram o próximo alvo.
Ethan Hawke interpreta Ellison Oswalt, um escritor de crimes verdadeiros com uma esposa, dois filhos e muitos inimigos em qualquer departamento de polícia. Durante um tempo ele teve fama, dinheiro e prestígio. Tentando manter a bola lá em cima, ele acabou perdendo a mão e a tragédia exposta de forma tendenciosa em um de seus livros, pode ter livrado a culpa de um criminoso.
A cada novo livro, autor tem o hábito de deslocar toda a família para a cidade onde o crime aconteceu. É um modo de facilitar a pesquisa. Mas desta vez, sem o sucesso do auge da sua carreira, Ellison se muda para a cena do crime sobre o qual vai escrever. Não é só pela pressão, de ter que produzir uma obra que contenha informações verdadeiras e supere os fracassos anteriores, mas também porque uma casa onde um crime, qualquer crime tenha acontecido, é bem mais barata do que qualquer outra casa.
Mentir para a esposa sobre o histórico da casa e a hostilidade que ele atrai na cidade com uma decisão de tão mal gosto, acabam compensando para Ellison, quando ele encontra uma caixa de filmes caseiros no sótão.
Feitos com uma 8 milímetros, os registros envolvendo diversas famílias, não interessariam a ninguém que não aparece neles, a não ser pelos seus desfechos. O primeiro deles, mostra os ex-donos da casa curtindo um dia de folga no jardim, sendo observados de longe por quem quer que esteja segurando a câmera. A última cena com a família, mostrando o próprio assassinato, foi feita com tanta maestria que ela também foi usada para abrir o filme em grande estilo. Não estamos assistindo à uma elaborada e sangrenta cena de morte em uma das franquias de Premonição. Na verdade, o método usado aqui e nos outros filmes caseiros, está longe de ser original. Mas essa aparente falta de planejamento, que força o assassino a usar os recursos disponíveis, aliada à simplicidade na captura das imagens, fazem com que as gravações pareçam reais.
Eu não consigo pensar em nada mais perturbador do que filmes snuff envolvendo famílias. Já Ellison, não suporta a idéia de abandonar a carreira e ter que mudar de profissão. Os elementos, eu admito, são dignos de um futuro best seller. De tanto fuçar, ele encontra outros filmes, com outras famílias e o mesmo final sangrento. Os crimes ocorreram durante um período de 50 anos. Em todos os casos, uma das crianças da família, não só fica fora da gravação, como desaparece para nunca mais ser vista. Diante desta mina de ouro secreta, Ellison resolve não chamar a polícia, para entregar evidências criminais de cinco massacres.
Examinando os filmes com mais cuidado, ele percebe uma presença constante nas chocantes cenas de assassinato. A aparência deste intruso e as circunstâncias sob as quais ele aparece, eliminam a possibilidade de assistirmos ao que A Entidade estava prestes a se tornar, uma ótima história investigativa.
Nada de errado com filmes sobre o bicho papão, o problema é que este usa o sobrenatural como desculpa para lotar a história de coisas desnecessárias. Os vários fantasmas que anunciam o final do filme, viram triviais depois de alguns segundos. Os sustos são tantos, tão barulhentos e tão sem propósito, que só podem servir para distrair o expectador do fato de que o Sherlock aqui, não sai do pijama nem para entrevistar os vizinhos, ou falar com o especialista em ocultismo, quando surge a motivação dos crimes. Nem a bebedeira constante é o suficiente para apagar o escritor e poupá-lo da frequência com a qual o projetor de filmes liga sozinho durante a madrugada. Mas o pior é a excessiva repetição da cena de abertura, que com as gravações dos outros assassinatos, eram o ponto alto do filme. Filmada como se tivesse sido extraída de um pesadelo, ela perde o efeito por culpa da insistência.
Mesmo enrolando a esposa, os filhos e a gente, Ethan Hawke ainda precisa descobrir como impedir que esta força maligna, que aparece nos filmes caseiros, nos desenhos dos seus filhos e também na sua casa. Sua desvantagem é ter que prestar contas por brincar com fogo por tanto tempo, tendo como comparsa alguém que deseja um pouco da sua fama. Um policial que enfatiza sua experiência em criminologia, mas não consegue fazer a mais simples das conexões até que seja muito tarde.