
Um grupo de turistas em uma viagem pela Europa, decide visitar a cidade de Prypiat, o antigo lar dos trabalhadores do reator nuclear de Chernobyl.
É muito cedo para fazer um filme de terror explorando aquela tragédia devastadora? Eu acho que não. É muito tarde para abusar do estilo imagens encontradas? Sim, já chega! O filme segue com o modo tradicional de filmagem, só não abandona a câmera na mão, o que dá a ele um ar de documentário. Mas isso não chega a ser uma coisa ruim. Se os realizadores de Bruxa de Blair, Cloverfield, Rec e muitos outros deste estilo, conseguem envolver os expectadores com este recurso, Chernobyl consegue o mesmo sem nos irritar com pessoas que não soltam a câmera nem para correr mais rápido.
Curiosidade mórbida faz com que os turistas troquem a bela Europa, pela Europa esquecida. Mas não podemos negar o apelo de uma cidade inteira abandonada às pressas, por conta da explosão de um reator nuclear. Ou podemos? Agora que os níveis de radiação diminuiram, se o grupo limitar a duração do passeio, não terá problemas. Estas são as palavras de Uri, o guia de Turismo Extremo que usa uma rota alternativa até a cidade fantasma, já que oficialmente a cidade está fechada para “manutenção” naquele dia.
Prédios em ruinas, vestígios de civilização, silêncio e ocasionais visitas de animais florestais. É como um museu gigantesco em prol de uma história verdadeira de terror. Mas mesmo num lugar decrépito e radioativo, os poucos visitantes se sentem em um parque de diversões privado.
Logo eles descobrem que a cidade não está completamente desabitada. A volta para casa é sabotada e os turistas não podem esperar ajuda, porque ninguém sabe que eles estão lá.
A geografia do local é bem estranha e por alguma razão, os dias são muito curtos, o que transforma a cidade fantasma em um enorme e escuro labirinto na maior parte do tempo. Não demora muito para que o grupo fique cada vez menor, e quem permanece, está machucado ou assustado demais para não atrapalhar a fuga. Mas do que eles estão fugindo exatamente? O que eles conseguem ver de dia, são os cães raivosos que impedem uma bela caminhada até o posto militar mais próximo. O que eles não vêem de noite, parece humano, mas não age como um. Como aquela câmera na mão age como um personagem extra, nós só vemos o que eles conseguem ver.
Mesmo se os turistas ficassem juntos em um lugar seguro, o maior perigo é sentido na pele. A cada hora que passa, os danos da radiação vão ficando mais visíveis e enfraquecendo o grupo. O que torna impossível que qualquer inimigo esteja lá há muito tempo, mas Uri já havia percebido isto. Ele conduz estas visitas radicais há cinco anos e é o único que nota a fogueira recentemente apagada, e estranha a manutenção às pressas em um lugar supostamente abandonado.
Chernobyl está cheia de gente fazendo péssimas escolhas, mas a gente não vai aturar aquela ladainha típica do sentimento de culpa. Não há tempo. A pior decisão já havia sido tomada no início do filme. O jeito agora é dar no pé, ou derreter.