
Uma secretária em fuga após ter roubado dinheiro do seu chefe, resolve parar em um motel de beira de estrada para tomar um banho.
Marion está apaixonada e quer se casar com Sam, o namorado que mora em outra cidade, divorciado e cheio de dívidas, com quem ela se encontra secretamente em quartos de hotel na hora do almoço. Ela trabalha como secretária em uma imobiliária e comete dois erros terríveis em um espaço muito curto de tempo. O primeiro é roubar o dinheiro que o patrão a pediu para depositar no banco. Não foi nada planejado, mas lá estava a quantia, como uma passagem para a felicidade e lá estava ela, louca para ser feliz. Com o dinheiro na mão, ela simplesmente fez as malas e fugiu ao encontro de Sam, que nem sabe o que ela aprontou ou que está a caminho.
Pelo trajeto, Marion encontra diversos sinais de que o que está fazendo é uma grande loucura. Passar a perna em conhecidos foi moleza, já despistar quem aparece na sua frente e desconfia do seu comportamento, é uma tarefa sofrida. Na verdade, se ela fosse uma criminosa de carreira e tivesse a palavra “culpada” tatuada na testa, não daria tanta bandeira.
Nós torcemos para que consiga escapar, mesmo que ela não tenha nascido para a vida de crimes. É um truque! O diretor Alfred Hitchcock a transformou em uma fantasia na qual nos apegamos, só para puxar o nosso tapete quando Marion, cansada de dirigir e com fome, comete o segundo grande erro.
O motel Bates, aquele estabelecimento que segurou o título de pior hospedaria da história do cinema de terror, até que Jack Nicholson perdeu a cabeça naquele outro hotel, é onde Marion se dá conta da encrenca na qual se meteu e resolve devolver a grana para o devido dono. É lá também que Marion desce do posto de personagem principal do filme, para dar lugar a Norman Bates, o solitário administrador do motel.
As similaridades entre Norman e Marion facilitam esta transição. Ambos levam duas vidas, uma pública e uma particular e se acham mais espertos do que aqueles que cruzam seus caminhos. Mas as dificuldades que Marion enfrenta, não são um problema para Norman, cuja necessidade de companhia o fez abraçar a vida dupla há muitos anos.
Como alguém consegue fazer o que Norman faz em um motel e se safar? Ser o dono do estabelecimento, ajuda. Quase nunca ter clientes, também. O local é tão deserto que encontramos até cofres abertos em salas destrancadas. Desde que a estrada principal foi desviada, o motel só é encontrado por quem erra o caminho. O hóspede tem sempre a liberdade de escolher entre doze quartos vazios. Mas um lugar que está fora de limites para qualquer cliente, é a casa onde Norman mora com a mãe. Uma figura cujos insultos e cobranças ao filho são ouvidas à distância, com uma clareza que não deixam dúvidas sobre quem é que manda ali. O que nunca fica claro é a sua aparência, ou o seu nome, como se a sua presença física não fosse um ítem importante.
Uma semana se passa desde a fuga e nada de Marion aparecer, nem em casa, nem na porta do namorado. Sua reputação com aqueles que enganou está manchada, mas além da busca pelo dinheiro, todos querem saber o que teria acontecido, ou onde ela pode estar. É quando Sam se junta à Lila, a irmã e confidente de Marion, para tentar encontrar a ladra desaparecida.
Psicose foi o primeiro filme a mostrar uma descarga sendo puxada. Sem coisas como essa em mente, fica fácil se irritar com a confiança descabida de um patrão em uma secretária, ou um homem adulto agindo como um menino e bajulando uma mãe que não faz nada por ele. Algumas pessoas podem assistir a esta obra prima e desconsiderar que, na época em que o filme foi feito, coisas como complexo de édipo e frustração sexual não eram assuntos discutidos livremente, o que explica a necessidade de deixar um psiquiatra dominar o final do filme, com um longo monólogo.
Este é um dos filmes mais angustiantes e assustadores de todos os tempos. Se você duvida, aqui vai um desafio. Assista Psicose, tome uma chuveirada logo em seguida e tente não pensar em violinos.