
Um antropólogo encabeça um grupo de resgate, para tentar localizar uma equipe de documentaristas que desapareceu na selva amazônica.
Com um título tão sugestivo, eu não precisaria me preocupar com o público desavisado. Mas com este aqui, não dá pra comer bola. Holocausto Canibal é um filme que teve mais fama do que pôde suportar quando foi lançado. Banido em mais de 50 países, não só por causa de cenas bastante gráficas de tortura e estupro, mas pelas cenas reais de crueldade com animais. Pior, os atores tinham assinado um contrato para desaparecerem da mídia por um ano após o lançamento do filme. Quem assistia, achava que as imagens do falso documentário eram reais e que aquelas pessoas tinham sido realmente assassinadas. O diretor foi preso e precisou provar que seus atores estavam vivos. Uma das imagens mais famosas dos filmes de terror, a do empalamento, teve que ser explicada em uma corte de justiça.
Com o patrocínio de uma universidade de Nova York, o professor Monroe lidera a relutante expedição em busca dos cineastas, ou pelo menos de respostas sobre o que aconteceu com eles. Este filme é o precursor do estilo “imagens encontradas”, então a gente perdoa quando diálogos não se encaixam nos movimentos labiais, ou metralhadoras fazem a festa sem derramar uma gota de sangue.
O nosso primeiro encontro com uma tribo amazônica, nos mostra os índios comendo os restos de alguma pessoa. Como a gente sabe que não é um animal qualquer? Bom, eles estão fazendo um churrasco e a carne ainda está presa ao inconfundível esqueleto humano. Uma aldeia apavorada recebe o acadêmico e a sua turma, que logo percebe que aquela não foi a última parada da equipe cinematográfica. O objetivo do documentário era filmar as tribos canibais da amazônia, mais especificamente, a Tribo da Árvore e a Tribo do Pântano, duas rivais que habitam uma região mais escondida da floresta. Para ter sucesso, o resgate precisa encontrar um lugar que até as outras tribos temem.
Na primeira parte do filme constata-se o óbvio e o material filmado é recuperado. Até então ficamos chocados com os costumes dos personagens primitivos, mas a reação é bem pior quando nos deparamos com o comportamento dos civilizados.
Na segunda parte do filme, os executivos e produtores do canal de tv que encomendou o documentário, assitem ao material gravado.
Se o resgate, mesmo em menor número, volta a salvo, qual foi o erro dos desaparecidos?
O que as imagens nos mostram é uma equipe de filmagem perdida e frustrada. Com a desculpa de conseguir imagens que lhe trariam fama, eles forjam conflitos entre tribos e massacram animais e pessoas. Como senhores da guerra ensandecidos, eles conseguem apenas aumentar o número de selvagens nas aldeias. Nenhum deles demonstra resistência ou remorso. Na verdade, existem indícios de que esta não é a primeira vez que os cineastas passam dos limites. A primeira metade de Holocausto Canibal é um estudo, a segunda é realmente um filme de terror!
Existem várias mortes verdadeiras de animais, a mais fácil de assistir é a mais rápida delas, esta é também a única que ironicamente não tem nada a ver com alimentação.
São poucos os filmes de terror que conseguem causar repulsa e tristeza ao mesmo tempo. Assistir a Holocausto Canibal é uma experiência muito desagradável. Eu estava mais ou menos preparada, pois o filme tem todo um culto ao seu redor, o que gerou muita curiosidade e possibilitou muita leitura prévia. Minha vontade de acelerar várias cenas foi superada pela vontade de cumprir uma espécie de dever. Este foi o meu ritual de passagem. Se você não quiser assistir a este filme, eu juro que não vou lhe culpar, afinal, este é um filme justamente taxado como controverso. Mas se você é como eu e fica cada vez mais curioso a cada aviso que aparece na sua frente, então, divirta-se!