Dirigido por Ruggero Deodato

Um antropólogo encabeça um grupo de resgate, para tentar localizar uma equipe de documentaristas que desapareceu na selva amazônica.

 

 

 

 

Com um título tão sugestivo, eu não precisaria me preocupar com o público desavisado. Mas com este aqui, não dá pra comer bola. Holocausto Canibal é um filme que teve mais fama do que pôde suportar quando foi lançado. Banido em mais de 50 países, não só por causa de cenas bastante gráficas de tortura e estupro, mas pelas cenas reais de crueldade com animais. Pior, os atores tinham assinado um contrato para desaparecerem da mídia por um ano após o lançamento do filme. Quem assistia, achava que as imagens do falso documentário eram reais e que aquelas pessoas tinham sido realmente assassinadas. O diretor foi preso e precisou provar que seus atores estavam vivos. Uma das imagens mais famosas dos filmes de terror, a do empalamento, teve que ser explicada em uma corte de justiça.

Com o patrocínio de uma universidade de Nova York, o professor Monroe lidera a relutante expedição em busca dos cineastas, ou pelo menos de respostas sobre o que aconteceu com eles. Este filme é o precursor do estilo “imagens encontradas”, então a gente perdoa quando diálogos não se encaixam nos movimentos labiais, ou metralhadoras fazem a festa sem derramar uma gota de sangue.

O nosso primeiro encontro com uma tribo amazônica, nos mostra os índios comendo os restos de alguma pessoa. Como a gente sabe que não é um animal qualquer? Bom, eles estão fazendo um churrasco e a carne ainda está presa ao inconfundível esqueleto humano. Uma aldeia apavorada recebe o acadêmico e a sua turma, que logo percebe que aquela não foi a última parada da equipe cinematográfica. O objetivo do documentário era filmar as tribos canibais da amazônia, mais especificamente, a Tribo da Árvore e a Tribo do Pântano, duas rivais que habitam uma região mais escondida da floresta. Para ter sucesso, o resgate precisa encontrar um lugar que até as outras tribos temem.

Cannibal-Holocaust2Na primeira parte do filme constata-se o óbvio e o material filmado é recuperado. Até então ficamos chocados com os costumes dos personagens primitivos, mas a reação é bem pior quando nos deparamos com o comportamento dos civilizados.

Na segunda parte do filme, os executivos e produtores do canal de tv que encomendou o documentário, assitem ao material gravado.

Se o resgate, mesmo em menor número, volta a salvo, qual foi o erro dos desaparecidos?

O que as imagens nos mostram é uma equipe de filmagem perdida e frustrada. Com a desculpa de conseguir imagens que lhe trariam fama, eles forjam conflitos entre tribos e massacram animais e pessoas. Como senhores da guerra ensandecidos, eles conseguem apenas aumentar o número de selvagens nas aldeias. Nenhum deles demonstra resistência ou remorso. Na verdade, existem indícios de que esta não é a primeira vez que os cineastas passam dos limites. A primeira metade de Holocausto Canibal é um estudo, a segunda é realmente um filme de terror!

cannibal-holocaust-1Existem várias mortes verdadeiras de animais, a mais fácil de assistir é a mais rápida delas, esta é também a única que ironicamente não tem nada a ver com alimentação.

São poucos os filmes de terror que conseguem causar repulsa e tristeza ao mesmo tempo. Assistir a Holocausto Canibal é uma experiência muito desagradável. Eu estava mais ou menos preparada, pois o filme tem todo um culto ao seu redor, o que gerou muita curiosidade e possibilitou muita leitura prévia. Minha vontade de acelerar várias cenas foi superada pela vontade de cumprir uma espécie de dever. Este foi o meu ritual de passagem. Se você não quiser assistir a este filme, eu juro que não vou lhe culpar, afinal, este é um filme justamente taxado como controverso. Mas se você é como eu e fica cada vez mais curioso a cada aviso que aparece na sua frente, então, divirta-se!