Dirigido por Jaume Balagueró e Paco Plaza.

Ao acompanhar um grupo de bombeiros durante uma chamada noturna, uma reporter e um cinegrafista ficam trancados em um prédio cercado pela polícia e por um vírus terrível.

 

 

 

 

 

Se você assistir somente a primeira parte do filme, pode confundi-lo com o material bruto de um programa de tv que quase ninguém assiste. Angela, uma repórter televisiva está fazendo uma matéria sobre o corpo de bombeiros, seus membros e procedimentos. O problema inicial é que se trata de uma noite calma. Se não tem emergência, não há o que mostrar. Ainda mais porque o estilo “reportagem” de captura de imagens dá ao filme aquele ar documental, que pede que o espectador tenha paciência se quiser alguma ação. É muito legal o fato de os diretores não esconderem que o que você está assistindo é enrolação pura. Está estampado na cara de Angela, quando ela, sentada no chão do corredor, olha derrotada para a câmera, sem idéias e sem sorte.

REC1Até que aquele corpo despenque no lobby do prédio, os procedimentos usados quando a emergência é acionada, são ossos do ofício. O primeiro encontro com a doença e o modo como ela é “combatida” pode ser estranho e polêmico, mas a nossa mente e a dos personagens aceita tudo porque sabe que mesmo nunca tendo visto algo parecido, é possível que alguém já tenha.

O prédio onde tudo acontece é estranhamente normal e aquele grupo de vizinhos nos parece muito familiar. Esse mérito não é exclusivo das ótimas atuações. A câmera na mão que virou moda em filmes de terror, encontra um propósito aqui. A exposição da intimidade do quartel e dos moradores do prédio, a cumplicidade entre reporter e cameraman, os erros de gravação… tudo é uma tentativa de desligar o lado cínico da platéia, para quando o terror mostrar a sua cara.

Vizinhos se acusam enquanto saudáveis e se matam quando doentes, parentes se atacam, pessoas se erguem sem dificuldades mesmo após levarem vários tiros. Onde esse programa de tv se meteu?

O prédio é interditado, as transmissões de rádio e tv cessam, e mesmo com um policial e um bombeiro do lado de dentro, ninguém sabe o que está acontecendo. Toda a informação que recebemos é a mesma que os personagens recebem. Se eles não podem sair, nós não vemos o que se passa lá fora. Eles ficam indignados e nós frustrados.

Rec 2Não há uma estratégia de fuga até que se pense que a fuga é crucial. Isso é quando a polícia impede de forma definitiva que um morador exerça o seu direito de ir e vir. Mas não se pode culpar quem está do lado de fora, tentando conter a doença. Do lado de dentro, temos uma bela demostração do perigo e sacrificar um pequeno grupo para o bem dos demais, por mais que nos identifiquemos com eles, é uma tarefa aceitável.

A última cena no apartamento é tão, senão mais apavorante do que uma cena similar e famosa do filme O Silêncio dos Inocentes, envolvendo luz noturna e uma loira em perigo. É quando se tem alguma idéia da origem do vírus. Mas não temos certeza de nada, porque o cinegrafista não tem tempo ou presença de espirito para mostrar o suficiente. Mas mesmo mal informados, somos chocados, aterrorizados e o melhor, entretidos.