Tia Meg tá chegando para roubar a sua sardinha!

Megatubarão não é exatamente um filme para ser seriamente discutido com os amigos, logo após a sessão de cinema, ou para ser analisado minuciosamente em páginas como esta, mas é também honesto sobre o próprio papel dentro da indústria do cinema e divertido pra caramba! Uma história de monstros feita para não exigir muita atenção do público e portanto, ideal para ser visto em grupo, engajando emocionalmente… de forma moderada,  aguçando a curiosidade científica… de forma moderada, mas entretendo de uma maneira mais completa, com um roteiro corrido e sem preguiças apesar de não deixar de lado os esteriótipos de filme-pipoca. Jason Statham está no papel principal, então você pode esperar um filme de ação estilo Blockbuster junto com o seu terror.

Statham interpreta Jonas Taylor, um experiente mergulhador que na verdade é o “herói torturado em busca de redenção” do filme. Tente devorar o cara uma vez e a culpa é do bicho, tente a segunda vez e a culpa passa pra ele, mas Taylor vai mesmo assim, para outra missão de salvamento há mais de 10 mil metros de profundidade, onde ele perdeu a reputação no passado, quando atribuiu o fracasso do trabalho a uma criatura marinha de proporções nunca vistas antes. Seguindo mais as diretrizes dos recentes dinossauros do cinema, ao invés da de tantos outros filmes sobre animais modificados por radiação ou forças alienígenas, o monstro apelidado carinhosamente de Meg no filme, foi também trazido da pré-história e na medida do possível, respeitado nos aspectos biológicos. No filme, Meg viveu por milhões de anos nas camadas mais profundas e ainda não exploradas do oceano, na surdina, até que alguns cientistas utilizam a tecnologia mais cara a sua disposição, para romper a bolha de proteção na qual NÓS vivíamos.

THE MEG 1

Uma mudança interessante no tema, é não envolver o território dos Estados Unidos ou mesmo o governo de nenhum país nos acontecimentos. Sem militares pra fazer asneiras ou cenários conhecidos para serem destruídos. Boa parte da história se passa em alto mar, na China, com a iniciativa privada causando e depois tentando resolver o problema. Uma base de pesquisas marinhas 100% particular, com grana suficiente para financiar expedições inovadoras e para contratar imediatamente alguém como Taylor, quando o povo der um passo maior do que as pernas, é o ponto do roteiro. Como o dinheiro não é público, eu não ligo muito para a construção de um observatório subaquático gigante, sem fins práticos, ainda mais quando ele garante um close up de Meg, de arrepiar, tentando dar uma dentada no vidro.

No entanto, esse tipo de filme dificilmente funciona sem os clichês, como aquelas mortes estratégicas (se bobear, evitáveis), narrativas românticas superficiais e pelo menos um vilão humano, na forma de um executivo ganancioso e ele está lá, mas não chega nem aos pés de ser preocupante. O rival de todo mundo, em toda a sua grandeza, é Meg! O que mais dava para ser dispensado no filme, é o dramalhão forçado em cima de uma suposta falta de ética do personagem principal. Existe um animal com a força e o tamanho de uns 10 tubarões, que o mundo inteiro acreditava estar extinto, rondando o laboratório High tech atrás de comida e se alguma tragédia acontece, é Taylor quem mais escuta. O cara é praticamente acusado de assassinato se não consegue salvar todo mundo.

THE MEG 2

A história tem um desenrolar agitado. Eu não acho que vou estragar nada se disser que a missão inicial tem um sucesso respeitável, e que todo o incidente leva a uma batalha espetacular entre Meg e os cientistas, mas não acaba por aí. O ponto positivo mais forte do filme, é o modo como a história tem um começo, um meio e um fim, seguido por outro trio desses, se reinventando de conflito em conflito como deveria ser, diante de um vilão para o qual ninguém poderia estar preparado. É claro, o roteiro eventualmente descamba para uma animada “homenagem” ao Tubarão de 75, mas até lá já andou (mancando) bastante com as próprias pernas.