
Um pai de família enfrentando dificuldades financeiras, herda do tio uma casa mal-assombrada.
A sequência de abertura do filme mostra a captura do décimo primeiro fantasma, pelos misteriosos personagens secundários do filme. São cenas intensas cheias de gritaria, morte e pessoas sendo dobradas ao meio. É uma diferença gigantesca do filme original lançado em 1960, que de tão leve, mais parecia um episódio de halloween do I Love Lucy. Uma revelação importante é feita logo no início, mas tem tanto sangue jorrando na tela, que a história precisa ser interrompida para que o público possa respirar. A sequência seguinte também tem morte, mas por envolver uma mãe amorosa e inocente, o diretor opta por não mostrar a tragédia, usando apenas o som para efetivamente causar tristeza, por um personagem que nem chegamos a conhecer. Aproveite, esta cena moderada é a melhor do filme.
É o sonho de qualquer mortal endividado, ter um parente distante, moribundo e cheio da grana, que só se torna conhecido após a morte. É melhor ainda quando o advogado que trabalhava para ele, bate na sua porta dizendo belas palavras como “único” e “herdeiro”. O tio Cyrus era um milionário explorador e colecionador de objetos raros, que nunca foi muito ligado à família ou a qualquer outro ser humano. Quando ele morre, seu testamento beneficia o sobrinho Arthur, que desde a morte da esposa enfrentava uma onda de má sorte econômica. O professor pobretão, sabendo da notícia, segue imediatamente para a casa luxuosa e excêntrica do tio, com o casal de filhos e a empregada (que não cozinha nem limpa vidros, mas também mal recebe um salário, então tudo bem).
Os atores até tentam, suspirando admirados a cada cinco segundos, com os olhos arregalados elogiando cada canto e objeto da casa, mas o lugar é horroroso! Todas as paredes são de vidro, todas! Quem precisa de privacidade, certo? Para entrar em alguns cômodos, um simples giro na maçaneta não basta e nem pense em permanecer na porta, porque elas se movem sozinhas. Eu admito que é diferente de uma casa mal-assombrada tradicional do cinema, mas não é um lugar atraente, não há apelo. Morar alí deve ser cansativo, incômodo e muito perigoso. Conferindo aquela abominação arquitetônica além da família e do advogado, está um dos caça-fantasmas do início do filme, disfarçado de técnico de eletricidade por alguma razão. Algo não cheira bem nesta história e eu ainda nem comecei a falar da bizarra coleção que o tio Cyrus mantinha no porão.
A maior atração de Treze Fantasmas são os próprios, com grande apreciação pelo departamento de maquiagem do filme. É uma daquelas raras ocasiões em que uma promessa é cumprida sem economia. Se eles estão no título, que a aparição seja perfeita. Não é um número aleatório, cada um desses verdadeiros demônios, diferentes fisicamente mas igualmente assustadores, tem uma função específica e uma razão para terem sido aprisionados por Cyrus e trancados na casa. Não que esta razão seja bem explicada, ou faça sentido, mas ela existe. Como é um número gigante de vilões para só um filme, uma engenhoca foi inventada para que os fantasmas não apareçam o tempo inteiro e nem para diversas pessoas ao mesmo tempo. É bem idiota mas funciona para manter o suspense por mais tempo e quando ele se esgota, deixando de nos impressionar pela aparência, ainda existe a questão do pessoal dentro da casa estar cercado por espíritos que nunca deixaram dúvidas sobre serem bons ou maus.
Esta versão é com certeza um upgrade da original, mas ainda é um filme B. Eu embarco com prazer nas histórias de fantasmas perigosos mas detesto fantasmas superpoderosos, fantasma não mata! Se não existe mais carne e osso, também não pode haver a vantagem do tato. Mas já que eu estou aceitando que eles fiquem presos entre paredes de vidro, é melhor eu conter o meu protesto. Dá medo, ainda mais se você não se importar com o fato de que não é uma boa história. Se você não fizer questão de personagens bem desenvolvidos, motivos plausíveis ou pelo menos de conhecer toda a extensão da casa, você vai se entreter. Concentre-se na certeza de que algo vai libertar os fantasmas do porão e ao mesmo tempo aprisionar os vivos no local. Se você fez as contas e percebeu que a matemática no filme não bate com o título, escondendo o décimo terceiro por muito tempo, divirta-se! É mais uma porção absurda do enredo, que você pode encarar como um mistério mirabolante.