Dirigido por Tobe Hooper
Dirigido por Tobe Hooper

Uma família começa a presenciar fenômenos sobrenaturais na própria casa.

Tobe Hooper é um diretor especializado em filmes de terror, sendo O Massacre da Serra Elétrica o mais famoso da sua filmografia. Poltergeist, mesmo abordando o tema de fantasmas vingativos, é suave e comercial demais para o seu estilo. Estou inclinada a concordar com vários críticos da época da estréia deste filme, que disseram que Steven Spielberg, que tinha oficialmente os créditos de produtor e roteirista, era também a visão por trás da visão do filme, já que a narrativa de Poltergeist segue o modus operandi do famoso diretor. Muda-se o gênero, mas não as manias.

Espíritos, esqueletos e brinquedos possuídos, mas nenhuma morte. Carne apodrecendo e uma gosma cor-de-rosa, mas nada de sangue. É mais contido do que qualquer um dos Indiana Jones. Hollywood nos livre de um fracasso de bilheteria, com o dedo criativo de Spielberg, principalmente nos anos oitenta, portanto este é um terror feito para um público grande, e as aparições estão sempre acompanhadas de uma sensação de aventura e até de humor. Ainda assim, é a definição de casa mal assombrada da década, porque provoca sustos genuínos e nos envolve usando um aparelho de tv, para representar a janela de comunicação entre mortos e vivos.

poltergeist1Se a vizinhança inteira estiver tão problemática quanto a residência dos Freeling, então o Sr. Freeling vai ficar sem casa e sem emprego, já que ele trabalha para a empresa responsável pela construção das casas daquele bairro recém-desenvolvido. O entusiasmo que o pai da família tem em vender as casas, é interrompido quando um fenômeno ao mesmo tempo assustador e fascinante, começa a acontecer em sua própria cozinha. 

O membro da família menos impressionado com objetos se movendo na casa, é a mais nova dos três filhos. A atriz Heather O’Rourke, na pele de Carol Anne, morreu ainda criança. A atriz Dominic Dunne, que interpreta a irmã mais velha, foi assassinada pouco antes da estréia do filme. Juntas, as mortes criaram os rumores de maldições que cercam Poltergeist, imortalizando o filme. Carol Anne é eterna na história do cinema. Na história do filme, a sensibilidade da menina faz dela a mais corajosa, mas também a mais atraente para os responsáveis pelos fenômenos na casa. Durante uma tempestade, enquanto o resto da família tenta livrar um dos filhos das “garras” de uma árvore, Carol Anne desaparece.

Com toda a atmosfera de faz de conta, retratada na natureza fantástica das aparições, é um alívio que Carol Anne não se encontre em um mundo de sonhos dentro da tv. Só ouvimos a sua voz saindo de lá e imaginamos o resto, com o medo tolo que todos tínhamos na infância, do que poderia surgir de uma televisão fora do ar. Agora, quando outro personagem está fora de cena e é atacado por um espírito, é decepcionante vermos só o resultado da agressão. Spielberg quer assustar, mas não muito, eu entendo, mas uma mordida gigantesca na barriga, não é algo que possamos visualizar sem a ajuda dos cineastas.

poltergeist_2Sem poder explicar o sumiço da menina para a polícia, ou contar com os homens da lei para encontrá-la, a família Freeling pede ajuda a um grupo de parapsicólogos, que enchem a casa de parafernálias científicas e comprovam as atividades paranormais. Quando os ataques ficam mais violentos e a ciência também é inútil para trazer a menina de volta, o filme nos apresenta uma das personagens mais fofas dos filmes de terror, mais adorável e carismática até do que a caçula abduzida, na forma de uma excêntrica vidente chamada Tangina. Por incrível que pareça, são as informações sussurradas por aquele doce de mulher, que nos fazem pela primeira vez, temer pela vida da menina e de qualquer um que tente salvá-la. Finalmente temos um vilão e com ele, um filme de terror.

É uma fantasia de terror. Quando a tv sai do ar, o efeito é tão exagerado, que a casa inteira parece uma rave. Steven Spielberg, o dono do roteiro, dos storyboards e até da escolha do elenco, é um homem que não consegue deixar de ser um amigão do público, um diretor que não pode deixar de ser amado. Mas eu me calo nos últimos quinze minutos do filme, porque estes sim são apavorantes. Talvez uma pontinha da personalidade do diretor oficial. A chave de ouro vem com a última cena, perfeita, e todas as emoções que ela provoca.