Dirigido por Ruben Fleischer
Dirigido por Ruben Fleischer

O apocalipse zumbi reúne um grupo bastante eclético de sobreviventes.

 

 

 

 

 

Eu gostaria de agradecer aos deuses do terror, por ouvirem nossas preces e nos concederem este guia prático. Até que enfim! Porque a gente já tinha as regras para o romance perfeito, para superar perdas, para sacudir a poeira e dar a volta por cima, entre outras dificuldades humanas, que o cinema se vê na obrigação de aliviar. Até regras para combater vampiros, já eram famosas. Eu temo (espero?) que o fim do mundo com zumbis, seja só uma questão de tempo. Antes de sacudir a poeira, é preciso estar vivo e para isso, não é o suficiente apenas “mirar na cabeça”.

Este é um manual de instruções para nós, que vimos os mortos se levantando durante décadas, por diversos motivos. Narrado pelo jovem Columbus, que criou a lista e se virou muito bem com ela, mesmo não sendo o mais ágil ou forte dos protagonistas, o filme apresenta truques direcionados aos cidadãos comuns, sem muita coragem ou habilidade com armas. Entre as dicas mais usadas, estão a verificação cuidadosa de banheiros e assentos traseiros de carros, bem como evitar atos de heroísmo.

zombieland1A narração em Zumbilândia é um recurso necessário, porque o filme tem tanta ação e informação, que ficaria fácil se perder, sem uma pausa para respirar. Uma vantagem deste rítimo frenético, é que dá para assistir o filme de seis em seis meses e continuar entretido, mesmo sabendo os pontos principais do enredo.

Columbus perambula sozinho pelo filme, conversando apenas com a gente, até encontrar Talahasse. Estes não são os seus nomes verdadeiros, mas uma das regras de sobrevivência é o desapego. Portanto, nada mais formal do que se concentrar apenas nas cidades em qual ambos pretendem chegar.

Esqueçam o serial killer de Assassinos por Natureza. Woody Harrelson nasceu para interpretar Talahasse. Um brucutu violento e barulhento, sem medo de nada e com um prazer enorme em causar estragos. Talahasse é o cara! Ao mesmo tempo bem-humorado e rabugento, ele é um anti-herói generoso, que não tenta tomar conta do filme, mesmo com tanta presença em cena. Sua vida se resume a odiar zumbis e realizar uma busca doentia por um doce vagabundo, daqueles que nem valem a sabotagem na dieta.

zombieland2Wichita e Little Rock, outras cidades americanas, são como se apresentam as duas irmãs trambiqueiras e cheias de segundas intenções, que cruzam o caminho dos viajantes. Assim como os rapazes, elas tem regras e destino temporário, mas nenhuma meta a longo prazo. Os quatro acabam se unindo a contragosto, usando uns aos outros como escudo protetor, mas sem o objetivo de sair por aí, atrás de algum campo de refugiados.

Não sobrou muita gente viva no mundo. Os ataques em grande escala, são parte dos flashbacks do filme, apesar de ninguém evitar as cidades mais populosas. Zumbilândia vive no presente, conseguindo um feito raro em filmes de zumbi, que é realmente aproveitar o apocalipse. Existem ótimos momentos de diversão, em meio a constante diminuição demográfica. Não seria este o maior apelo, ao público que aprecia o gênero?

Quando o narrador se acostuma a ter amigos ao redor, sua tarefa conosco diminui. Ele fala menos e vive mais. Talahasse, o bárbaro. Columbus, o anti-social. Wichita e Little Rock, as desconfiadas. O pequeno grupo que nunca aumenta, ou diminui, porque o objetivo aqui é o humor, então ninguém é contaminado e todas as mortes são cômicas. Sem um abrigo fixo ou plano para o futuro, eles criam um laço emocional que derruba todo o cinismo e a praticidade, que eles achavam que deveriam ter. Seu maior ensinamento não estava na lista. Para sobreviver, com ou sem zumbis, a regra principal é a convivência.

Se me permitem, antes de terminar, apenas um pedido:

Ave deuses do terror. Sua serva humilde agradece a graça alcançada, com o bônus da mensagem positiva e da participação especial de Bill Murray. Se não for pedir demais, conceda-nos o milagre de uma sequência.