Dirigido por John Hough
Dirigido por John Hough

Um time de pesquisadores é contratado por um milionário, para provar ou descartar a existência da vida após a morte em uma velha mansão.

 

 

 

 

 

A mansão Belasco precisa ser extraordinária, porque a propaganda é forte. Qualquer outra casa no filme tem potencial fantasmagórico, mas a Casa da Noite Eterna, como é conhecida, é o Monte Everest das casas mal-assombradas. Já é a terceira tentativa de desvendar os mistérios do lugar. As duas anteriores foram um fracasso gigantesco, com a soma de oito mortos e apenas um sobrevivente, que escapou deixando um parafuso para trás.

O início do filme é uma aula de construção de expectativa. A tensão aumenta a cada lembrete de data e hora, que serve para não nos deixar perdidos na história. Este recurso foi copiado em O Iluminado, mas com o propósito inverso. Aqui precisamos saber quanto tempo se passa dentro da mansão, porque os pesquisadores tem que ficar um determinado número de dias, se quiserem o pagamento quando saírem de lá. Se saírem de lá.

Visitando o local estão o Dr. Barret e a esposa. Ele é um cientista, mas não é cético e está aberto a todas as explicações para os fenômenos da casa, inclusive uma clássica assombração. Também no grupo, estão uma jovem médium e Fischer, também médium e o único sobrevivente da última visita à casa, engolindo o trauma e tentando deixar a conta bancária no azul.

legendhell houseA mansão é na verdade, aquele velho estilo gótico-ostentação, aliado aos sussurros indecifráveis e traiçoeiras correntes de ar. Muitas teias de aranha, um gato que ninguém trouxe consigo e uma história arrepiante. Há muitos anos, os corpos dos moradores e alguns parentes que estavam na casa, foram encontrados pelos seus conhecidos. Vinte e sete pessoas, cada uma com um óbito diferente, exceto por Emeric Belasco, o lendário e macabro patriarca da família. O corpo dele nunca foi encontrado.

Até então, é uma história tradicional de terror. Temos o local ideal, com um pano de fundo sinistro. Uma dúvida, a vida após a morte e um desafio, permanecer na casa. Só que a pergunta é respondida rapidamente e ficar na casa não é um problema, porque ninguém quer ir embora. Um espírito se manifesta através da jovem médium e ameaça todos de morte, assim, na cara dura, mas ninguém sai correndo. É como se duvidassem não do encontro paranormal, mas da determinação do sujeito.

Os eventos estão acontecendo, de objetos que se movem a objetos que atacam. Possessões, vozes, mas a tensão do início se foi. Será que anos de filmes de terror me entorpeceram? Não exatamente. Não nos é permitido perambular pela casa sem companhia e os fenômenos paranormais que os personagens presenciam, são encarados com naturalidade. O passado da mansão gera mais curiosidade do que apreensão. Se eles não sentem medo, também não conseguimos sentir.

É claro que uma médium não ficaria abalada com os acontecimentos. Rapidamente, ela arranja uma causa pela qual lutar. Fischer quase não se manifesta. Pela sua memória, o mais sensato é não tentar decifrar nada, para não provocar a ira do local. O Dr. Barret, sendo um homem de questionamentos, acredita que os eventos da casa da noite eterna, incluindo as discretas materializações, são provocados por resquícios de energia deixadas pelos mortos, em junção com o poder de atração desta energia pelos vivos. Nada de sustos, só ciência, dinheiro e caridade.

the-legend-of-hell-house 2Uma batalha inesperada surge entre a médium de coração mole e o cientista. Ela se apega de tal maneira a um espírito, que para ajudá-lo, se entrega a ele de corpo e alma. O Dr. Barret acredita que a energia presa na casa, possa ser liberada através de um equipamento que ele mesmo construiu. Um anti-encosto, um desencapetador, ou phatom free 3000! Estou enchendo o saco, porque ele não nomeou a máquina. Mesmo com tantos objetos voando, o momento mais assustador do filme, talvez por ser uma cena tão longa e violenta, é o ataque de um gato. Não dá para tomar partidos na briga entre os visitantes, porque temos tanta informação quanto eles e suas opiniões são reflexos de suas personalidades.

Não estar apavorado, não quer dizer estar a vontade. A câmera fica lá no teto, fica atrás de estátuas, ou fica bem perto dos rostos dos personagens, enquanto eles olham em outra direção. Eles estão definitivamente sendo observados. Como em um Big Brother dos infernos, o foco é a interação das pessoas sob momentos estressantes. Pode até ser assombração, mas o que importa é como os “heróis” reagem aos ataques. Eles permanecem na casa por dinheiro, nós continuamos assistindo, pelo drama.