
Os jovens da rua Elm, não querem dormir, por medo de não conseguirem mais acordar.
Nancy olha no espelho e diz: “Nossa, como eu estou velha, pareço ter uns vinte anos…”, e até eu quero acabar com a raça dela! Mas isso não quer dizer, que eu esteja torcendo para o vilão. O ex-zelador do colégio onde Nancy estuda, não teve a chance de um julgamento justo, mas com certeza, teve justiça.
Freddy é uma lenda dentro e fora das telas. Aquela carinha derretida, aquelas garras assustadoras, aquela camisa comprada de baciada. Em um mundo apreciado por poucos, ele tem fama com nome e sobrenome. Ele abre o filme, construindo uma ferramenta mortal, que lhe cai literalmente como uma luva. O que é um feito e tanto, já que ele está morto, mas nada parece impossível, para um homem que tem até uma cantiga dedicada a ele.
Imagine uma vizinhança sendo atacada por um bovino a solta nas ruas. Não se importe com como ele chegou, ou o que ele faz lá. Enfurecido, o animal avança nos alvos mais fáceis, as crianças, matando algumas delas. Depois da tragédia, o bicho é capturado e abatido. Anos mais tarde, a comunidade decide alertar as crianças sobre o perigo cantando Boi, boi, boi… boi da cara preta… com a esperança de que isso as proteja de um ataque imprevisível.
Um, dois, o Freddy vai te pegar … é o início da letra de uma música ensinada por pais apavorados, que queriam esquecer um monstro, mas deixar seus filhos com medo dele. Adiantou tanto, que a turma já crescida, anda sonhando com o fantasma do passado. Todos os jovens sonham com ele, todas as noites.
A Hora do Pesadelo parece um pouco datado. As piadas só funcionam com espectadores novinhos, a moda exibida nas roupas já foi, voltou, foi de novo, mas o pior é a molecada. Tão chatinhos, que nem Johnny Depp se salva. Até que a primeira morte acontece e eles se tornam os mais adoráveis e castigados jovens do mundo.
Krueger não é um ser misterioso e ele não pode ser. O seu poder se baseia, no quanto ele é presente na mente de todos e na idéia de que ele está no comando. Para isso, ele não pode levar as suas vítimas para um mundo de fantasias, de onde elas possam escapar, quando percebem que estão dormindo. O mestre dos sonhos, rouba os cenários mais frequentados pelos jovens, como a casa e a escola, aproximando o pesadelo da realidade. Isso confunde quem corre dele e quem assiste a perseguição, porque Freddy se passa por um intruso, que consegue atravessar para o nosso mundo.
O filme precisa de um personagem central, ou vítima central, já que Freddy é a estrela. A chatinha da Nancy abraça o papel, quando se vê sozinha com a sua teoria. Além de combater o vilão, ela precisa driblar a mãe alcoólatra e convencer o xerife, que também é o seu pai, de que os seus amigos não estão matando uns aos outros. Não deveria ser difícil, principalmente quando a garota faz uma descrição do seu principal suspeito, levantando sobrancelhas involuntariamente.
Nancy não é a mais amável das heroínas, mas toma as rédeas da situação. Não por bravura, mas por urgência. A garota é a única que ligou os pontos e sabe o quanto está em perigo. Ela poderia adiar qualquer outra necessidade, mas sabe que não pode ficar sem dormir. Se pelo menos ela tivesse algum apoio, mas as pessoas que deveriam protegê-la, só sabem ajudar compondo canções.
A origem dos sonhos e como eles nos afetam, já são mistérios interessantes. Este filme de terror não deixa de ser um estudo, sobre dúvidas que todos temos. Adicionar um sujeito que consegue dominar subconscientes alheios, foi um toque de gênio de Wes Craven. Outra sábia decisão, foi não deixar o filme ser dominado pelas cenas de sonho, já que o que interessa, é a consequência deles. Eu já tive minha cota de pesadelos na vida, muitos deles, me tiraram o sono. Freddy, com seus truques ultrapassados, pode parecer meio tolo depois de todos esses anos. Mas eu jamais trocaria qualquer pesadelo que já tive, por uma visita noturna dele.