Dirigido por Tom Six
Dirigido por Tom Six

Nas mãos de um médico maluco, três pessoas são transformadas em uma nova espécie.

 

 

 

 

Enquanto alguns perguntam por quê? Outros dizem, por que não? Poucos indivíduos entre nós, se aventuram em territórios nunca antes explorados. São esses, os visionários que ousaram investir em computadores pessoais, quando nem imaginávamos toda a extensão da serventia de um produto como esses. Sonhadores que perguntaram, por que não tentar capturar imagens de pessoas e do cotidiano, do modo mais fiel possível, sem o auxílio de um pintor? Por que não tentar comercializar uma bebida gasosa, para todas as idades, com uma coloração nada convidativa? Por que não arrumar um modo de mudar o canal da tv, sem levantar do sofá? Por que não tentar costurar a boca de um pobre coitado, à bunda de outro pobre coitado?

Não há razão para florear a sensação causada por este filme. Assistir à Centopéia Humana não é uma experiência agradável, mas é com certeza, uma experiência. Não podemos condenar o diretor, quando a idéia que ele propõe, desperta a nossa curiosidade, principalmente por ser absurda. O melhor é enxergar o filme como nada além disso, uma idéia. De péssimo gosto e sem nenhum propósito, aparentemente, mas a história nos ensina a não desprezar potenciais visionários.

Lindsay e Jenny são duas turistas americanas na Alemanha, perdidas em uma estrada a caminho da balada. O pneu fura no meio do nada, o celular está sem sinal e a gente pensa: “Já era! Vão se enfiar na floresta e encontrar um psicopata assassino!”. Quem dera!

Human CentipedeQuando elas encontram a casa do Dr. Heiter, ele ainda está sofrendo com a perda do seu bicho de estimação, mas, animado com as duas estrangeiras, cansadas, descabeladas e ensopadas por causa da chuva. Elas são jovens, lindas e o médico até pergunta se elas são irmãs. Mas não se trata de uma fantasia sexual, poque ele não é esse tipo de homem. Quem dera! Enquanto as garotas esperam no sofá, pelo serviço de guincho que ele fingiu ter chamado, o médico começa a colocar em prática um plano tão maluco, que parece coisa de desenho animado.

O Dr. Heiter é uma mistura de vilões dos desenhos da Warner. Pelo menos, é isso o que sugere a lógica por trás do seu projeto. Lindsay, Jenny e outro estrangeiro, estão agora parcialmente drogados e presos à camas hospitalares, localizadas no porão da casa. Eles escutam com horror, a explicação bastante científica de um sujeito que fala e se move, como se fosse retirar uma bigorna do bolso, a qualquer momento. Um profissional da saúde que odeia humanos, mas que está louco por outro bicho de estimação.

Não é o objetivo do médico, causar sofrimento ou humilhação em suas vítimas. Nem como vítimas, ele as enxerga. Mas é exatamente isso o que acontece. Ridícula, seria a melhor palavra para descrever a situação rapidamente, no entanto, uma única risada nervosa no meio do filme, é o máximo de graça que vamos encontrar. Na maior parte do tempo, eu me surpreendo com a boca escancarada, em prol de um filme que mal tem uma história.

Human Centipede 1A tragédia de A Centopéia Humana, é que a complexidade do procedimento o torna um caminho sem volta, assim como a bizarrice do próprio filme. Não dá pra apagar da memória, assim que ele termina. Eu não acredito que seja uma viagem masoquista pra ninguém. Não existe fetiche que sobreviva a uma visão tão medonha.

Cabeça, corpo e rabo. A criatura está completa. Mesmo se houvesse escapatória, não nos seria permitido testemunhar uma intervenção médica, que separasse quem teve que aprender a viver junto, vergonhosamente junto. Tudo o que precisávamos ver, era a idéia posta em prática. O que fazer com ela a partir dali, é trabalho para outro visionário.

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