
Baseado na história real de um padre que foi processado por assassinato, após realizar um ritual de exorcismo em uma devota.
Esse era o grande chamariz na época do lançamento. Pegar carona em O Exorcista, um dos filmes mais famosos e assustadores de todos os tempos, tentando se destacar como aquele que contará a história verdadeira, ou neste caso, a história que mais se aproxima dos eventos ocorridos com uma jovem alemã, nos anos 70.
Os seis demônios que tomaram conta do corpo de Emily, são a causa do problema, mas eles não conduzirão a história. Nem a própria Emily ou o seu exorcismo, apesar do nome no título. A trilha sonora é típica de reportagens investigativas e não existe conclusão sobre a verdade. Tudo indica que este é um filme de tribunal, e o julgamento é o protagonista.
“A explicação mais simples, geralmente é a certa”, portanto, existe uma grande chance da garota ter sido esquizofrênica. A comoção é compreensível e o crime, se existiu um, é perdoável. A família numerosa, muito simples e religiosa, presenciou a drástica mudança na personalidade de Emily, cedendo ao diagnóstico da autoridade com quem tinha mais contato.
O padre Moore recebe sua ambiciosa advogada Erin, com a decisão tomada. Dentro de uma cela e com a possibilidade de não sair de lá por muito tempo, ele rejeita o acordo com a promotoria e segue para o julgamento. A acusação é de homicídio por negligência, mas o padre está mais preocupado em contar a história da vítima, do que em ser condenado.
O sonho de ser professora a fez deixar a família e ir para a universidade, onde foi feliz por um tempo. Mas na primeira noite em que Emily fica sozinha em seu quarto, ela é atacada por algo que não pode ver. Nos dias que se seguem, ela começa a ver até demais. Os efeitos demoníacos não são novidade, mas impressionam pelo fato de a garota não estar em uma casa mal assombrada. Ela está na sala de aula, ou no refeitório, cercada de gente e sem saber como pedir ajuda. Com o tempo, a garota para de comer e os seus hematomas vão se multiplicando. Quando o filme começa, já sabemos que ela não resistiu e morreu.
Metade do filme, mostra a advogada de defesa apanhando feio do promotor no tribunal, enquanto tenta convencer o cliente a ser mais prático e menos supersticioso. É a teoria da menina epiléptica, recebendo um tratamento medieval das mãos de um religioso. A outra metade, que é mostrada alternadamente, coloca O Exorcismo de Emily Rose na categoria terror, com a possibilidade do padre estar certo.
A teoria da possessão, é alimentada por detalhes que não podem ser explicados racionalmente. Ela ganha força a cada novo depoimento, fazendo com que não seja uma escolha pessoal, em que metade do filme acreditar. O exorcismo, funcionando ou não, é muito mais interessante do que assustador. Outra estratégia de marketing era a famosa fita com o áudio do ritual. Não é verdade, mas rumores circulavam na época, dizendo que a gravação era autêntica.
O filme não foi feito para apavorar, mas para fazer com que as pessoas duvidem das suas crenças. Ele termina em cima do muro, mas levemente inclinado. O truque era colocar somente a suposta possuída em perigo, mas deixar o resto dos envolvidos sofrendo com a própria paranóia. Podemos nos lembrar das atrocidades cometidas em nome da religião e terminar de assistir ao filme, sem nenhum trauma imediato, mas Deus nos ajude, se acordarmos de repente, às três da manhã.