
A equipe de um reality show sobre assombrações, se tranca por uma noite, em uma instituição para doentes mentais desativada.
Em qualquer episódio de um dos programas que o filme imita, nunca apareceu nenhum espírito, só um monte de gente dentro de uma casa, manipulando equipamentos que ninguém sabe ao certo como funcionam, se entreolhando e perguntando se alguém sentiu um calafrio, quando entra neste ou naquele cômodo. Quem assistiria a esse tipo de coisa, onde nada acontece? Muita gente, porque são atraídos pela possibilidade de ver algo paranormal.
Dizer que o que estamos para assistir é real e não um filme, não basta. A tática das “filmagens encontradas” e “sem manipulação”, já foram usadas exaustivamente. Então porque ficamos tensos, antes mesmo de entrar no local, em plena luz do dia? Porque o filme realiza um ótimo trabalho de preparação, esquentando o público em banho-maria, com histórias despretensiosas de assombração.
A sugestão do apresentador, de colocar música e efeitos, para aumentar a sensação de perigo, é um exemplo do exagero disfarçado de realidade, que impera em programas deste tipo. Enrolação e canastrice, também são parodiados pelos realizadores do filme, mas mesmo quando a credibilidade da equipe é questionada e somos lembrados de que programas de tv são feitos para entreter, sentimos medo. Afinal, fomos avisados sobre a veracidade das gravações. O cinismo de quem segura a câmera, só aumenta a apreensão.
O sexto episódio de Grave Encounters, nunca foi ao ar. O reality show sobre fenômenos paranormais, conta com uma equipe fixa que consiste em um apresentador, dois câmeras, um assistente e um médium. Gravando por conta própria e depois enviando o material para a emissora, os profissionais não recebem nenhum apoio externo, caso ocorra um problema. Mas ninguém espera problemas, na verdade, ninguém espera nada, depois de alguns episódios sem nenhuma evidência.
Eles conversam com um historiador, com o zelador do prédio e pessoas que dizem ter presenciado atividade paranormal no local. Algumas histórias são verdadeiras, outras, fabricadas pela própria equipe, que decide ser autêntica por oito horas, se trancando na instituição por toda a noite.
Eles andam pelos corredores chamando os supostos espíritos, fazem caras e bocas para a câmera e fecham cada expedição malsucedida com alguma frase de efeito. Mais dez câmeras estão espalhadas pelo local, captando movimentos discretos. Por um bom tempo, esperar que algo aconteça é divertido. Mais divertido do que ver caras deformadas e braços saindo das paredes, estragando a perfeita atmosfera de dúvida que o filme tinha.
O maior benefício de Fenômenos Paranormais, acaba assim que acontece qualquer coisa que não poderia ser provocada pelo vento. Era a maior lição que os reality shows do gênero tinha pra oferecer… Por que mostrar, se você pode causar medo apenas sugerindo aparições? Se a fórmula dava certo na tv, por que mexer com ela? É fantasia, ou reality?
Uma novidade, pelo menos dentro deste segmento, é a total perda do controle sobre os acontecimentos. Uma vez que os fantasmas se mostram perigosos e inevitáveis, a única alternativa é abandonar o local. O problema é que o sol deixa de brilhar, para quem está preso lá dentro. As portas, janelas e escadas, antes tão inertes, resolveram passear pelas instalações e enlouquecer quem entrou lá com a mente sadia. É um recurso eficiente para causar claustrofobia, já que o suspense foi eliminado pelos exageros.