
Cientistas em uma base de pesquisas na Antártica, são surpreendidos por um alienígena que assume a identidade de quem mata.
E o prêmio de título mais genérico do mundo vai para…
O filme abre com um husky siberiano correndo pelas montanhas cobertas de neve no polo sul. Ele está fugindo de um helicóptero, que leva um homem com uma metralhadora, empenhado em exterminar o bicho. É uma cena desconfortável, porque parece cruel e injusta, mas não se trata de violência contra animais, porque aquilo não é realmente um cachorro.
Antes de explodir, o helicóptero contendo o que restou de um grupo de noruegueses, acaba guiando o animal até uma base norte-americana. Os cientistas que estão sem comunicações no local há duas semanas, após testemunharem tanto a explosão, quanto a violência que a precedeu, chegam a brincar com a possibilidade de os Estados Unidos estarem em guerra com a Noruega, sem que eles saibam.
Dos doze homens que trabalham na base, três vão até o posto Norueguês atrás de respostas. É o clássico “fique aqui, que eu vou investigar” dos filmes de terror, mas aqui, os curiosos estão a salvo, já que o perigo foi mantido na base, abanando o rabinho. Quando eles retornam com os vestígios de uma chacina, o choque na aparência dos cadáveres contrasta com o resultado das autópsias. Por dentro está tudo normal, diz o médico.
Não é uma surpresa gigantesca, quando o alien se revela para o público. Uma nave extraterrestre invade a Terra logo no início do filme, alguma coisa grotesca ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Mas os americanos, obviamente, ficaram surpresos com tantos tentáculos, cabeças e garras. No entanto, não é nada que um lança-chamas não resolva. Por um tempo.
A Coisa é o primeiro de uma trilogia que John Carpenter chama de Apocalipse. O segundo filme é Príncipe das Sombras e o terceiro é À Beira da Loucura. Não são sequências, já que as histórias são completamente diferentes. Os elementos de conexão, além do diretor, são que cada filme apresenta uma alternativa diferente para o fim do mundo e tem finais com mais de uma interpretação.
A criatura é localizada, eliminada e estudada, junto com vídeos de arquivo da equipe norueguesa, que falhou ao lidar com o problema. Mas o problema ainda está longe de acabar. Algumas gracinhas e atritos, nos deram uma vaga idéia das personalidade de cada indivíduo na base, assim como o nível de aproximação entre os companheiros, mas nada disso vai importar, nem para nós, nem para os que precisam saber a diferença entre quem é original e quem é cópia.
Quando é descoberto que o alien tomou conta de um dos membros da equipe, é como uma elaborada brincadeira de “killer”, aquele joguinho infantil com um assassino, um detetive e várias vítimas, onde quem mata deve ser descoberto antes que seja tarde para os outros participantes. Algumas coisas são certas. A “coisa”, diferente do joguinho, mata de verdade e assume a personalidade e as características físicas da vítima. Ela pode ser qualquer um, pode ser mais de um e não se pode confiar em ninguém. A paranóia e a tensão crescem e sentimos tudo, porque como os personagens, somos completamente enganados em várias ocasiões pelas imitações perfeitas.
Se os efeitos visuais não causam medo, ainda podem ser considerados decentes e impressionam pela criatividade. A Coisa é um ótimo início para a trilogia e um marco na carreira de Carpenter. As idéias principais do filme, as que nunca envelhecem, ainda são assustadoras. A destruição da confiança em um local hostil, entre tão poucas pessoas e a perda da identidade, com a noção de que mesmo com todas as nossas particularidades, podemos ser duplicados e substituídos, sem que as pessoas mais próximas notem.