
Uma história baseada em fatos reais, de uma família que por anos foi perseguida por espíritos malígnos.
Mãe solteira de três filhos, Carla Moran tem uma vida corrida, trabalhando para sustentar a casa sozinha e estudando, para sonhar com um futuro melhor. Uma noite, enquanto se prepara pra dormir, Carla sente um tapa no rosto, que parece ter vindo do nada. O golpe é tão forte, que a sua boca começa a sangrar. É o início de um ataque violento e sem face, onde a chefe da família acaba estuprada.
Os relatos paranormais de uma família nos anos 70, causou um alvoroço na comunidade científica da época. Investigadores de uma universidade, especializados em parapsicologia, foram ridicularizados, ao apoiar a versão espiritual para os estranhos fatos que aconteciam na casa. A história ganhou fama internacional, após o lançamento de um livro, escrito por um dos investigadores.
Ela enche a banheira, despeja os sais, prende o cabelo, tira as roupas… é quase um filme adulto, mas quem assiste só espera que algo ruim aconteça. Som ambiente, ação em tempo real e ângulos de câmera que sugerem um ponto de vista que não pertence nem à protagonista, nem à audiência. Já é a terceira agressão, mas as duas primeiras foram tão diferentes uma da outra, que a gente não tem certeza do que vai ver.
Se o suspense não provoca um ataque de ansiedade, o susto, que só acontece depois de muita tortura psicológica, com certeza, faz com que qualquer um pule na cadeira. Não vemos ninguém além dela quando tudo acontece, mas Carla, novamente estuprada, adquire hematomas e mordidas que não poderiam ser falsificados. Ainda sim, o médico acredita que ela esteja sentindo as consequências de algum trauma, como se os ataques fossem fruto de sua imaginação. Ele é tão convincente, sem desrespeitos ou constrangimentos, que ela cede ao diagnóstico, mesmo apavorada.
Entre Carla Moran, a fictícia e Doris Bither, a verdadeira assombrada, existem algumas diferenças além do nome. Doris tinha quatro filhos, que também diziam sofrer ataques, apesar da violência não chegar perto do que era com a mãe. A casa verdadeira estava caindo aos pedaços e a família Bither não teve o apoio de amigos, que trouxe um pouco de alívio para Carla. Mas as semelhanças entre as duas, como a infância de Doris, espelhada em Carla, nos fazem entender as atitudes do médico cético, mesmo testemunhando as agressões. Um pai pedófilo, uma mãe conivente e a morte violenta do primeiro marido, quando Doris ainda era uma adolescente. Tudo sugere que a atacada, pode não estar muito saudável há algum tempo.
O que poderia ser a chave para decifrar a mente de uma esquizofrênica, ou pelo menos, deixar o público decidir sobre o que acreditar, desaba por conta da direção e dos efeitos especiais. Este é um filme de terror sobre um fantasma, sem vultos ou sombras, sem uma médium excêntrica, para explicar o que está acontecendo, mas que não deixa dúvidas quanto a autenticidade dos ataques. Está acontecendo e não é com um poltergeist apaixonado. As agressões são violentas e assustadoras, às vezes, públicas, com direito a dedos invisíveis que se afundam sobre a pele. Carla chega a ser estuprada na frente dos filhos, que olham tudo sem conseguir chegar perto dela, confirmando uma suspeita da própria vítima. O estuprador tem, pelo menos, dois comparsas.
O Enigma do Mal daria medo, mesmo sem a realidade na qual supostamente tem base? Sim! Até quando o filme fica meio morno, com a intervenção dos cientistas, que querem de alguma forma capturar a entidade, a impressão é que Carla está cercada de gente com ótimas intenções, mas que ninguém pode ajudá-la. Mesmo depois de tantos anos, a história da mãe de família, com um passado nebuloso, um presente violento e um futuro incerto, mostrada sem sutilezas ou conclusões satisfatórias, ainda não é assistida facilmente sem companhia, tarde da noite.