
Um psicólogo infantil ajuda um garoto tímido, com um problema que ele acredita ser só imaginação do menino.
Ficar sozinho, barulhos não identificados, lugares escuros, são medos que todos temos, mas que vamos perdendo ao longo dos anos, porque todas as vezes que ficamos sozinhos, em um lugar escuro e ouvimos um barulho estranho, mas nada acontece, recebemos a confirmação de que não há nada para ser temido. Essa é a realidade da maioria de nós.
O Dr. Malcolm Crowe é um médico de prestígio, especializado em tratar crianças com dificuldades de se relacionar com outras pessoas. Ele é muito bom no que faz, ou não teria recebido um prêmio da prefeitura, em reconhecimento ao seu trabalho com diversas crianças e suas famílias. É possível que ao longo dos anos, o doutor tenha cometido alguns erros, portanto, na noite da premiação, um desses erros, vem até Malcolm bastante insatisfeito.
Vincent, um ex-paciente já adulto, magricelo e histérico, invade a casa onde o premiado mora com a esposa. Seminu e usando um tom ameaçador, ele conta que o diagnóstico do médico sobre ele, não só estava errado, como piorou sua condição. Antes de atirar na própria cabeça, ele se vinga, atirando contra Malcolm.
Alguns meses se passam e a residência dos Crowe, antes cheia de alegria, está bem diferente. Marido e esposa mal se falam e vivem agora no meio de uma crise, que faz a senhora Crowe encorajar os avanços românticos de um colega de trabalho. O médico perdeu um pouco da confiança, mas continua no exercício de sua profissão, tentando quem sabe, diminuir a nuvem de culpa que o acompanha.
Seu mais novo paciente é Cole, um introvertido mas muito esperto filho único, cuja mãe sustenta a casa sozinha. Desconfiado e cheio de segredos, ele recusa a ajuda oferecida pelo médico, por acreditar que o seu problema, qualquer que ele seja, não tem cura. As semelhanças entre Cole e o paciente que deu errado, são um incentivo para que Malcolm não desista, mesmo depois do fracasso na primeira consulta.
Goste ou não dos filmes de M. Night Shyamalan, é certo que ele tem o dom de arrancar ótimas performances de todas as crianças com quem trabalha. Em o Sexto Sentido, não é só o garoto prodígio que chama a atenção. Toni Collette, como a mãe que não consegue ignorar o estranho comportamento no menino e Bruce Willis, que desta vez, tenta salvar alguém sem segurar em um revólver, também surpreendem em seus papéis.
Cole não vai se abrir com ninguém em quem não confie. Nem mesmo com a mãe, que recentemente notou um inexplicável padrão de falhas nas fotos dele, desde bebê. É só quando o médico revela os seus próprios segredos, que o menino cria coragem, para dizer que, por incrível que pareça, vive cercado por fantasmas.
Ele não precisa estar sozinho em um lugar escuro, para algo ruim acontecer, pois os espíritos não tem hora ou lugar para aparecer. São muitos e despidos de efeitos especiais, fazem com que a gente tenha mais medo por Cole, do que quando o víamos sofrer em silêncio. O seu dom não está de acordo com a sua pouca idade e o que o coitado vê, não é censurado. Suicidas, acidentados, assassinados, são aparições que assustariam qualquer adulto, imagine uma criança.
Para aumentar o problema, o confidente não acredita no menino logo de cara, mas guarda o ceticismo para si. Que bom, pois o que Cole vê, nós também vemos e não é um truque do diretor para disfarçar um esquizofrênico. Existe um truque, uma enganação no filme, mas é sobre outra coisa. Ele realmente vê espíritos, de qualquer pessoa, a qualquer momento e a maioria não sabe que morreu. O plano do psicólogo é fazer com que o garoto pare de imaginá-los, através de terapia, até que vasculhando o seu próprio passado com mais cuidado, ele percebe que a ajuda que o menino precisa, vai exigir um pouco mais de fé de sua parte.
O Sexto Sentido é sobre muito mais do que um final de cair o queixo. É sobre percepção, sobre o que fazemos quando temos muita ou pouca informação, sobre outras pessoas ou nós mesmos. Sobre amor entre pais e filhos, maridos e esposas. A realidade de nenhum personagem irá mudar, depois que todos os segredos são revelados, ninguém será curado, mas todos podem perder o medo de viver e de morrer.