Dirigido por Joon-ho Bong
Dirigido por Joon-ho Bong

Uma ação imprudente na Coréia do Sul, dá origem a um monstro que aterroriza a população de Seul.

 

 

 

 

Não é o Godzilla e não é no Japão, mas quando o assunto é o meio ambiente, nenhum asiático perde a oportunidade de alfinetar os yankees, mesmo que o seu monstro fictício não tenha sido o resultado da bomba atômica. O laboratório é coreano, mas o cientista chefe, que manda despejar o produto químico no rio é norte-americano e a ordem é dada em inglês.

A família Park não é um exemplo de perfeição, mas não há nada que eles possam fazer para perder a nossa simpatia. A gente perdoa tudo, até um velório escandaloso, porque eles são adoráveis. O vovô tem dois filhos, um goiaba e um alcoólatra, uma filha atleta e uma neta adolescente, que é filha do goiaba. O patrimônio da família, é um quiosque de comida à beira do rio Han.

thehost2Naquele dia em que tudo parecia normal, um grande número de fregueses se aglomera diante do rio, por uma razão além do clima agradável. Um animal gigantesco e não identificado, se exibe na água, despertando a curiosidade de vários clientes dos vários quiosques que mantém negócios por lá. O povo brinca, especula e joga comida no rio, incentivando a aproximação de uma criatura, que eles julgam ser apenas uma espécie de golfinho gigante, até que o bicho sai da água.

Se você não gosta de filmes de monstros, eu tenho duas coisas pra lhe dizer. Ninguém, acima dos dez anos de idade, gosta de filmes de monstros e se você precisa de um motivo para assistir O Hospedeiro, a cena do primeiro ataque, em toda a sua perfeição, está disponível no youtube, como uma bela isca.

São algumas centenas de pessoas, correndo desesperadamente, da agilidade de um anfíbio pesando algumas toneladas. Não tem como despistar o bicho, porque nem ele sabe para onde vai e porque é rápido, ignorando o próprio tamanho. Uns são engolidos inteiros, outros sofrem com o efeito boliche, até que o monstro se cansa e resolve voltar para o esconderijo, mas não sem antes levar enrolada no seu rabo, o membro mais jovem da família Park.

A menina era muito querida, a família inteira fica em choque. O pai, o avô e os tios se reúnem para um velório coletivo, que consegue ser triste e engraçado ao mesmo tempo. Todos os sobreviventes estão isolados em hospitais, com atenção especial aos que tiveram contato com o predador, já que uma vítima apresentou alergias que sugerem algum tipo de contaminação. Não há mais nada a ser feito, o pânico autoriza qualquer ação inconstitucional das autoridades e a família Park, assim como todos os outros, deve obedecer e permanecer longe de casa e disponível para testes. Até que a adolescente dada como morta, consegue ligar do seu celular capenga para o pai goiaba.

gwoemul-hostÉ o modo como o bicho se move que impressiona. Os sons que ele emite, não precisam ser assustadores, nem a sua aparência, tudo o que ele precisa é parecer real. Mesmo enorme, a sensação é que ele morde mais do que consegue engolir e é essa a sorte da menina. O monstro coleta o maior número possível de pessoas, vivas ou mortas, para o seu esconderijo no esgoto, para que elas sejam consumidas aos poucos.

O hospedeiro é uma confusão organizada. O filme nos joga de um lado para o outro o tempo inteiro, mas nunca perde o caminho. Ficamos de luto sem razão e esperançosos com menos razão ainda. Não sei se existe uma regra, mas no meio de tanta ação e mortes, é fato que uma ou duas cenas pastelão sucedem cada tragédia. Nessa aventura bipolar, os dias vão passando e a família Park, escapando do governo e sacaneada por aliados, se firma como a grande heroína da história. Mas o que nos faz torcer tanto por eles no meio dessa salada, além do bom humor involuntário, é a simplicidade da sua busca. Eles não querem ser heróis, tudo o que eles querem é encontrar sua menina, com as poucas pistas que ela deixou.