
Dois fugitivos da polícia escapam para o México, fazendo uma parada em um bar infestado de vampiros.
Os irmãos Seth e Richard Gecko, assaltaram um banco, mataram alguns policiais e sequestraram uma mulher. Não são as melhores pessoas do mundo, mas Seth consegue alguma simpatia, porque está na pele de George Clooney e porque é o oposto de Richard, um psicopata descontrolado. Tudo o que acontece de errado na carreira dos criminosos, começou com alguma trapalhada do Richie, mas a dupla não se desfaz porque eles são uma família e sangue é importante, principalmente neste filme.
Talvez a melhor maneira de assistir a Um drink no inferno, seja não sabendo nada a respeito, mas é impossivel, mesmo quando foi lançado, o próprio trailer já estragava a maior surpresa. Pode ter sido uma precaução dos produtores, com medo de que um público totalmente desavisado, sairia no meio do filme, assim que ele ficasse absurdo demais.
O produto do roubo está nas mãos, mas com a polícia vigiando as estradas, os irmãos Gecko atravessam a fronteira em um trailer, com a ajuda forçada da família Fuller, composta por um ex-pastor, agora ateu e pelos dois filhos adolescentes dele. Já no México, com toda a tensão deixada para trás, Seth aguarda a chegada de um comparsa no Titty Twister, um bar isolado no deserto e lotado de encrenqueiros.
Acompanhado pelo irmão e pelos Fuller, Seth comemora o sucesso da fuga, com bebedeira, show de strip tease e uma pancadaria que não pode faltar em nenhum bar de motoqueiros. Só que a briga não é entre bêbados com fraca coordenação motora, é entre criminosos violentos que não demoram para derramar sangue. Quando isso acontece, o filme dá início ao purgatório dos que tinham a sorte ao seu lado e nos faz perguntar se alguém emendou um filme diferente ao que estávamos assistindo.
Robert Rodriguez faz Salma Hayek dançar semi nua na tela, como um encanto pré-massacre. A morena, é parte do bando mais perigoso dentro daquele covil disfarçado de estabelecimento comercial. O barman, as stripers e até a banda, pertencem à uma espécie que supera qualquer mau-caráter dentro do bar.
Quem pensou em levar o filme a sério, com base nos nomes de peso que produzem e atuam nele, pode ter antecipado uma transição mais sutil, de filme de gangsters para sobrenatural. Mas o balde é chutado pra tão longe, que uma vez que as portas do bar são trancadas e a carnificina começa, a gente acaba aceitando que o filme é tão infantil quanto violento.
Em pouquíssimo tempo, o número de clientes e de vampiros é reduzido, deixando os humanos que restam em busca de explicações. Do lado de dentro, os mordidos se voltam contra os humanos, do lado de fora, mais vampiros procuram por um meio de entrar no bar. Além de Clooney e da família Fuller, nós temos Shaft e Tom Savini. Não é muito, mas com um depósito cheio de produtos roubados de vítimas anteriores, eles podem ter uma chance de aguentar até o amanhecer.
Um drink é um teste de audiência, para outra aventura trash que viria anos mais tarde, Grindhouse. As regras clássicas sobre vampiros são válidas. Morcegos, estacas, água benta e devido a recentes liberdades tomadas em filmes de vampiros, eu preciso adicionar luz do sol à categoria de regra clássica. Já os próprios vampiros não seguem regra alguma. Alguns deles conseguem até escolher a própria aparência dependendo das circunstâncias. É um recado da dupla Tarantino/Rodriguez: Sinta-se livre pra xingar à vontade.