
Um prédio residencial é contaminado por um vírus, que transforma os moradores em maníacos sexuais.
Vizinhanças são complicadas. Todas têm pelo menos um individuo encrenqueiro, um cheio de filhos, um extremamente reservado e um fofoqueiro. Em cada apartamento, uma história. Famílias diferentes, querendo ou não, compartilhando suas vidas. Quanto mais gente, mais proximidade e menos privacidade, mas a gente atura as inconveniências, porque sabe que poderia ser pior.
Na categoria de vizinhos que não queremos ter de jeito nenhum, estão os assassinos. Estes só não seriam piores do que morar ao lado de um cientista maluco, realizando experiências com um vírus terrível. Sua ausência em uma comunidade, compensa latidos no meio da noite e festas barulhentas. Os moradores do Starliner, um condomínio de luxo localizado em uma ilha em Montreal, tiveram o azar de dividir o prédio com um sujeito que tenta conciliar as duas coisas, pesquisas científicas e tendências homicidas.
A vida era tranquila na ilha, com apenas um prédio e todos os serviços que os moradores poderiam precisar, até que o cientista mata uma jovem, chamando a atenção para o seu experimento. Se trata de algo sobre parasitas substituindo órgãos humanos, o que explica o estranho modo como ele lidou com corpo da moça, mas o importante é que, mesmo com a cobaia morta, os efeitos da pesquisa estão tomando conta do local.
Acontece que a moça tinha um amante no prédio, ele fica doente e vomita em tudo quanto é canto, meio que dando a luz às lesmas superdesenvolvidas. O colega de trabalho do cientista e o médico da única clínica da ilha, já estão alertas sobre o perigo que ronda o condomínio, mas o problema é que a garota morta era digamos assim, rodada, então é bem provável que outros homens estejam vomitando pelo prédio inteiro.
Os parasitas assanhados tem formatos bastante sugestivos; fazer com que eles pulem na cara da vítima, sem provocar risos, é uma coisa que só Cronenberg consegue fazer. Eles grudam na pele e já era, a pessoa está contaminada. Em pouco tempo, a timidez é deixada de lado e todos começam a agir sem nenhum pudor.
Os zumbis de Calafrios não querem cérebro, querem sexo. O vexame ideal para um fuxiqueiro de plantão, caso a contaminação não fosse geral. Mesmo com a orgia rolando solta, o diretor se certificou de que o erotismo fosse sufocado por um sentimento de desconforto, com a apresentação de personagens idosos e crianças no prédio, que são dominadas com maior facilidade. O ato será romântico ou violento, dependendo da resistência do parceiro. Mas isso ainda não é o mais assustador.
A verdade é que já tinha gente bastante frustrada naquele prédio. A única coisa que o parasita pode ter feito, é liberar desejos que antes eram ocultos. A notícia da morte da jovem no início não era um segredo, mas não vemos nenhuma reação da vizinhança. Em um filme comum de zumbis, o vilão ataca e o que sobra, se sobrar, não é mais humano. Aqui, pessoas comuns viram predadores sexuais e transformam outras pessoas comuns na mesma coisa. Por conta de um vírus que não está exatamente anulando a consciência, o condomínio inteiro está saudável para flertar, mas maluco o suficiente para aceitar pedofilia, incesto e estupro.