
Um estudante de medicina, inventa uma droga capaz de trazer os mortos de volta à vida.
Você tem que admirar qualquer futuro profissional da área da saúde, que queira cuidar dos seus pacientes, até depois do óbito. Se a cena inicial não deixar claro que o filme foi feito para divertir, os créditos de abertura, acompanhados por uma versão new wave da trilha de Psicose, se encarregam de esclarecer qualquer dúvida.
O estudante Herbert West, na pele de Jeffrey Combs (que explodiria o universo, caso fizesse um filme com Bruce Campbell), tem o carisma do sujeito que sabe mais do que todo mundo, ou acredita que sabe e não é muito modesto a respeito. Ele é o novo aluno na universidade de medicina, estudando um assunto que os outros evitam, a morte. Chegando da Suíça sob circunstâncias nebulosas, West vira colega de quarto do promissor e bonitão Dan, outro estudante de medicina, que tem bastante destaque no filme, mas não o confunda com o personagem principal, essa vaga já foi preenchida, Dan é só o galã.
O gato de estimação de Dan morre e West decide continuar as experiências que já fazia, antes da transferência de universidades. Ele injeta um líquido que desenvolveu, em um animal morto recentemente, reanimando o bicho milagrosamente. Os alunos aprenderam que o cérebro continua ativo até sete minutos após a morte, mas West afirma que consegue trazer qualquer ser de volta, mesmo excedendo este limite. Ele pede a ajuda de Dan porque tem um problema, além das óbvias questões morais. As criaturas revividas, precisam de uma dosagem maior, se estiverem mortas há muito tempo e quanto mais drogadas, mais violentas.
O zumbi-gato é descoberto pela namorada de Dan, que também é a filha do reitor e os dois projetos de Frankenstein são expulsos da universidade, antes mesmo de revelar a experiência revolucionária para o mundo. Mas como idéia brilhante é o que não falta na dupla, o próximo passo é arranjar uma cobaia humana e “legitimar” a pesquisa. Se tudo der certo, pode rolar até uma patente.
Mesmo sabendo o quanto a reação à droga é perigosa, os dois futuros ganhadores do prêmio Nobel, se enfiam no necrotério e aplicam a injeção no cadáver de um fisiculturista, sem se preocupar em prendê-lo na maca. Quando o que tem que dar errado, dá espetacularmente errado, os estudantes conseguem outro corpo, ainda mais fresco para usar, sem precisar matar ninguém.
De acordo com West, conquistar a morte é o sonho de qualquer médico, as condições físicas e mentais da sobrevida, serão problema de outro pesquisador. O importante é trazer todo mundo de volta. Ele é doido, mas tem boas intenções. Para proteger sua invenção, ele é capaz de atos heróicos, como em uma cena envolvendo uma pá, que prova de uma vez por todas que ele e Ash, de A Morte do Demônio, são gêmeos separados na infância.
A hora dos mortos vivos, é a invasão de um filme de terror B a uma novela mexicana, com direito até a um vilão que consegue hipnotizar vivos e mortos. É o galã pobre correndo atrás da garota rica, que está fugindo dos zumbis. No meio dessa salada está Jeffrey Combs, interpretando West como se estivesse em um filme de ficção científica dos anos cinquenta. Assim como o diretor, que não tem tempo para explicar a bizarra inserção de alguns planos no meio das cenas, West é pratico demais para pausar sua pesquisa e dizer como criou aquele líquido, ou para se importar com as consequências dos seus atos. Um gênio incompreendido, com uma expressão no rosto de constipação eterna, que só Combs consegue fazer.