Na segunda parte da trilogia Evil Dead, Ash volta para a cabana e libera os espíritos malignos que querem tomar o lugar dos vivos.
Uma introdução conta a história do Necronomicon, o livro dos mortos, que parece um caderno de desenhos de um fã de heavy metal. Escrito com sangue e esquecido por séculos, ele serve como um portal entre dois mundos.
Alguns cômodos da casa são familiares, assim como o carro que Ash dirige ao lado da namorada, que ainda se chama Linda, mas é interpretada por outra atriz. A pergunta é, o que ele está fazendo a caminho de um lugar que destruiu seus amigos e quase acabou com a sua vida? Apesar de ser uma sequência, o início do filme serve também como um remake da primeira história, feito agora com recursos chiques como financiamento e grua.
Antes que os namorados consigam dar pelo menos um beijinho, aquele gravador sonoro, contendo a versão em áudio do livro amaldiçoado, é colocado pra tocar. Em pouco tempo, a garota é possuída e ele também. Mas ele retorna à sua condição normal, porque ele é Ash, o jedi do trash e não será demonizado com tanta facilidade. Não existe choro ou debate sobre enterrar ou não a namorada, ele já passou por isso. A novidade é que a moça volta e dança ballet para ele.
Uma noite alucinante 2 é uma comédia. Cada susto leva à uma gargalhada. Ele é descaradamente e propositalmente ridículo. Quando a gente vê sangue jorrando em diversas cores, é para imaginar o diretor comprando um pacote de tintas como estratégia econômica, ao invés de gastar todo o dinheiro em vermelho.
Enquanto Ash está lutanto contra seus demônios internos, mais gente aparece na casa. O que é uma maravilha. Mesmo adorando Bruce Campbell e toda a sua disposição para apanhar e se sujar, deixá-lo sozinho por muito tempo, por mais carismático que ele seja, pode ser cansativo. Um dos integrantes do novo grupo é a filha do dono da cabana, que ao ver Ash ensanguentado e ao lado de uma serra elétrica, presume que o nosso herói tenha matado os seus pais. Até que os demônios que lhe faziam companhia, quando ele era o único na casa com batimento cardíaco, começam a atacar.
Eles não podem usar as táticas do primeiro filme, porque nós já conhecemos os resultados. Esperar amanhecer não é uma opção e aconselhados por um espírito amigo, eles resolvem contra-atacar. O que Ash não sabe, é que a briga para mandar aquele demônio de volta para o inferno, vai lhe render bem mais do que uma mecha estilosa de cabelos brancos.
A câmera que passeia pela floresta, representando os olhos do capeta principal, teve sua qualidade aperfeiçoada em várias cenas. Uma delas, transforma aquela pequena cabana em um labirinto, onde a câmera persegue Ash até que ele desapareça, deixando nós e o demônio perdidos. Mas os melhoramentos técnicos e a introdução de novas informações à respeito do grande vilão, não compensam a falta de cenas realmente memoráveis.
Raimi não queria que o filme fosse levado a sério, se certificando de que o grotesco substituisse o assustador, mas esse não é realmente o problema. Para quem assiste a um filme, dirigido por alguém que não gosta de perder tempo, o fato de que a história só dá um singelo passo à frente no final, pode ser encarado como uma enganação.
Muito Molho 