
Uma reporter investiga uma fita de vídeo que mata quem a assite após sete dias.
É uma semana agitada para aqueles com prazo de validade. Uma vez assistida, a fita aciona a bomba relógio. O tempo é curto, a vítima entra em pânico e até que o mistério seja descoberto, não há como testar teorias.
O filme começa com apenas uma amostra de que está por vir. Duas adolescentes sozinhas em casa, falam sobre a lenda de uma vhs amaldiçoada. Uma das meninas assitiu à fita e o seu tempo acaba naquela mesma noite.
Com um derrame como a versão oficial do óbito, mas com o cadáver da sobrinha bastante desfigurado, Rachel, uma ambiciosa reporter, decide investigar a morte da menina. Seu filho Aidan, é uma criança com a capacidade especial de enxergar além do que a maioria de nós pode ver. Ele também é o homem da casa. Não só porque o pai não participa da sua vida, mas porque Rachel é uma mãe um pouco avoada. Profissionalmente, no entanto, ela é competente e não demora para encontrar um chalé, que esconde mais segredos do que os que a sobrinha mantinha.
Com pouco mais de um minuto, a fita é uma arrepiante sequência de imagens contendo morte e tortura; personagens, objetos e lugares sem conexão aparente. Ela é mostrada na íntegra somente uma vez, quando Rachel vence a apreensão e se deixa levar pela curiosidade exigida para a sua profissão.
Qualquer adulto sensato teria ignorado a profecia, mas receber um telefonema anunciando os dias que lhe restam, logo após terminar de assistir a fita, é inexplicável demais para não ser levado a sério. O vídeo persegue Rachel, espalhando por todos os lugares os símbolos assistidos. Nem mesmo a imagem da reporter a pertence mais. Por mais embaraçoso que seja, ela recorre ao auxílio do ex-marido, um profissional de vídeo.
São muitas peculiaridades para que a fita tenha sido gerada da forma tradicional. Já que não se pode pedir a ajuda da polícia, o jeito é tentar decifrar a única pista em mãos. Sabemos o efeito da morte nos corpos das vítimas, mas não sabemos como elas acontecem, ou por que o limite de tempo é tão específico. Um estudo cuidadoso da fita leva a um farol, que leva a uma cidade, que leva a uma família e a uma criança mal tratada.
Samara, a filha, a paciente psiquiátrica, a médium materializadora que coloca as habilidades de Aidan no chinelo, é a descoberta tardia do filme. Sua responsabilidade pelo vídeo e outras bizarrices, fica tão evidente quanto a sua fobia por tesouras. Com a inimiga identificada, resta descobrir o motivo das mortes e um modo de impedi-las.
O filme japonês que deu origem ao Chamado, marcou o início da onda “comercial de shampoo” no terror asiático, com suas vilãs excessivamente cabeludas. Marcou também o início dos remakes ocidentais, que dependendo da adaptação, poderiam ser mais ou menos assustadores do que os originais. Neste caso, a lenda urbana instantaneamente aceita na cultura japonesa, recebe um tratamento para atender ao público hollywoodiano, acostumado a contar com um pano de fundo mais elaborado, antes de aceitar a morte de um personagem.
Esta versão abusa dos efeitos especiais, mas nos mantém fiéis à narrativa com um artifício bem simples. A janela entre o mundo de Samara e o nosso, é um aparelho eletrônico ao qual estamos tão habituados, que encontramos pelo menos um em cada casa. É difícil escapar de sentir medo. Da estilizada vinheta de abertura, passando pela fotografia azulada no filme inteiro, até o salto da imagem para fora da tela no clímax da história, o filme é a nossa fita amaldiçoada.
Uma grande qualidade é continuar gerando perguntas mesmo depois do fim do filme. Por mais que seja algo do tipo, assistir a fita e possuir uma tv de 14 polegadas…
Eventualmente Rachel descobre como pular a vez na fila da maldição, em um desfecho que acentua a crueldade de Samara na sua busca por audiência. Uma vez vítima, qualquer um pode se tornar seu cúmplice.