
Um homem caça e mata mulheres nas ruas de Nova York, para remover seus couros cabeludos e pregá-los em manequins de vitrine, que mantém em seu apartamento.
O assassino não é um cara bonitão ou misterioso. Seus instrumentos de matança não possuem um esconderijo original. Ele não tem uma técnica, não leva ninguém para a sua masmorra e não é exatamente um gênio criminoso. Mas ainda assim, ele é sem sombra de dúvidas a estrela do filme, e isso é graças a excelente atuação de Joe Spinell no papel de Frank, o confuso e torturado assassino, que mantém um altar em homenagem a uma mãe negligente e abusiva. Nós seguimos a sua rotina, que consiste em perseguir e matar mulheres, sem se deixar intimidar pela presença de namorados ou pela possibilidade de ser pego. Não o vemos trabalhando, tentando esconder seu lado negro de familiares ou despistando a polícia de alguma forma. Caçar e matar é tudo o que ele faz e eu confesso que isso deixa o filme um pouco cansativo.
O modo como Frank se livra de alguns contratempos também incomoda. A morte de uma prostituta em um hotel, com tantas testemunhas, incluindo a amiga que a espera do lado de fora, é uma das coisas difíceis de se ignorar. O assassino havia se tornado a manchete principal dos jornais e o tema de conversas em toda a cidade, acredita-se que aquele quarto inteiro teria sido revirado pela policia atrás de pistas. Vez ou outra ele também conta com a conveniência de um metrô vazio e vizinhos discretos.
Apesar da beleza de suas vítimas nós não as vemos desfilando seminuas durante o filme. Não se trata de uma obsessão sexual. Isso fica mais claro quando a fotógrafa Ana aparece e se torna uma namorada em potencial.
Frank é até charmoso e confortável na companhia de tagarela Ana. Um fato estranho, considerando sua necessidade de preservar outras mulheres imóveis e silenciosas. O que ela possui, ou não possui, que a diferencia das que despertam o seu lado violento?
A mãe de Frank era uma mulher muito bonita e requisitada. Frank carrega cicatrizes no peito, consequência de queimaduras de cigarro feitas na infância, como uma amostra da relação que tinha com ela. Mesmo assim a mãe faz falta. Tanta falta que os manequins de vitrine com quem Frank conversa constantemente, se tornaram uma necessidade em sua vida.
Com uma narrativa bastante incomum, Maniac consegue prender o espectador mostrando somente o ponto de vista do assassino. Mas quando somos finalmente agraciados com a presença da polícia, é que nos damos conta da falta que fez uma investigação paralela às mortes neste filme, por mais mixuruca que fosse. Só para justificar um pouco a sorte do assassino.
Algumas cenas são acidentalmente cômicas, como a do cemitério, que eu achei que só abrissem à noite para a filmagem de videoclipes do Michael Jackson, mas lá está Frank, em uma cena que me lembra também o filme Carrie – A estranha.
Um detalhe: o ator Tom Savini, presença garantida em filmes de zumbis, conhecido também como a versão baixo orçamento de Stan Winston, tem a sua presença no departamento de maquiagem justificada. Quem mais explodiria a própria cabeça de modo tão convincente?