
Takashi Miike,
Chan-wook Park
Esta pérola asiática dividida em três partes, três diretores e três linguas, faz parte da nova onda de “terror para chocar”, com doses homogêneas de violência, conteúdo ofensivo e sustos.
Na primeira história, entitulada Dumplings, uma atriz entrando com muita relutância na meia idade, recebe a oportunidade de não só interromper, como reverter o processo de envelhecimento. Os dumplings (tradicionais bolinhos recheados ao gosto de quem os come), são servidos à atriz por uma razoável quantia em dinheiro pela Tia Mei, uma mulher aparentemente jovem mas com a sabedoria e a serenidade necessárias para merecer o título de tia. O recheio dos dumplings não é a maior revelação da história, mas sim as consequências bizarras não só da busca, mas como em um conto sobre vampiros, da dependência da juventude eterna.
Em Cut, o segundo curta, um diretor de cinema rico, bonito e bem sucedido, terá que se rebaixar diante de um figurante de um de seus filmes, para salvar os dedos inocentes de sua esposa pianista. Cut é a minha história favorita no filme, é violenta e angustiante e uma reviravolta no final faz com que a realidade seja posta em xeque. Para mim o mais legal é ver o protagonista revelando a sua maior fraqueza, mesmo depois de estar fora de perigo, a vaidade. A bondade dele pode não ser nada além de atuação…
No último segmento, entitulado Box, somos brindados com o que não poderia faltar em um filme de terror com várias capítulos… uma história de fantasma. Uma jovem é atormentada pelo espírito da irmã morta ainda na infância, quando as duas eram uma atração em um circo. Esta última parte me lembra bastante os filmes de David Lynch, com alucinações e sonhos despertados pelo sentimento de culpa, confundindo lembranças e medos. Repressão, ciúme, assassinato e até pedofilia fazem parte da história mais bizarra entre as três. Também não pude deixar de ver uma certa referência (proposital ou não) à Laura Palmer de Twin Peaks, com uma mulher enrolada em plástico transparente logo no inicio.
Esta é uma ótima colaboração entre alguns dos diretores mais badalados da China, Coreia do Sul e Japão. Cada história traduz o que a cultura do cada diretor pensa sobre o que é o terror. Abandono e dependência, exposição da intimidade e o fato de que o passado nunca permanece enterrado.