
Após o apocalipse zumbi, um grupo de pessoas se isola em um shopping center. Confinados naquele mini paraíso consumista, eles viram aliados e inimigos, enquanto lutam para preservar o que restou de humanidade neles mesmos.
De uma certa maneira, esse remake do clássico de 78 de George Romero me lembra o filme Duro de Matar. Pessoas sem muitos recursos, presas em um local e à uma situação extraordinária, lutando por suas vidas e cercadas por inimigos. Talvez o diretor tenha percebido que filmes de zumbis estão mais próximos dos filmes de ação do que dos de terror. Os sobreviventes nunca estiveram a salvo no shopping. Mesmo que conseguissem impedir a entrada do vírus, os suprimentos que possuem não são infinitos. A segurança do local não evita as mortes que continuem acontecendo. O plano de fuga está apenas em pausa. A ligação com o terror vem do fato de que os vilões não precisam de um motivo, além de serem pavorosos, e no caso deste filme, serem previamente tão inocentes quanto um bebê!
Cercados ou não, aquele é o esconderijo dos sonhos. Quem nunca quis morar em um shopping center? É melhor do que o sonho da loteria, pena que eles não possam levar nada pra casa.
É uma pena que a cada dia, mais e mais zumbis cerquem o local. Mantendo os personagens ilhados. Como alguém sugere, eles podem estar lá por instinto. No filme original, o suposto motivo para a aparição de tantos deles também é mencionado, mas ao contrario do remake, que aponta a presença dos vivos como a causa que atrai os zumbis, no clássico de 78 é o instinto de compras que os leva àquele local. Ponto para Romero e o seu alfinete.
Mesmo com um shopping center farto em distrações para entreter um grupo tão eclético de sobreviventes, não podemos negar que o crescente exército que o cerca aumenta o desejo de fugir daquela ilha para uma outra. A gente vê uma montagem que mostra a vida seguindo em frente, com todas as amenidades oferecidas pelas instalações, e outra montagem estilo “treinamento do Rocky Balboa”, com o grupo se preparando para partir. Para um local sem vírus, se este existir. E este vira o foco da segunda metade do filme.
Quem assiste filmes independentes pode estranhar a presença de Sarah Polley como a enfermeira protagonista do filme. Outros rostos semi-famosos completam o elenco vivo.
No nível nojinho, Madrugada dos Mortos não desaponta. Esse é um filme de zumbis com um orçamento decente, e o diretor aproveitou para apodrecer sem medo o elenco de extras.
Outras vantagens de um investimento financeiro generoso são cenas como a fuga da enfermeira no início do filme, seguida pela ousada sequência de abertura. Mas eu não vou deixar escapar a cena do parto. Apesar de detestá-la no passado, eu reconheço que ela era absolutamente necessária. A ótima produção não apaga o fato de se tratar de um filme de zumbis, e filmes de zumbi são trash. Aquela tosquice, se serve pra alguma coisa, é para lembrar a audiência do que ela está assistindo.