Direção Darren Lynn Bousman

Três irmãos criminosos estão em fuga após um assalto desastrado. Por um erro de comunicação, eles invadem a casa errada. Mas os realmente sem sorte, são os moradores da casa e os convidados da sua festa.

 

 

 

 

A mão que balançou o berço nos anos 90 continua aprontando! Rebecca De Mornay não é uma mãe, ela é uma chefe de quadrilha. Por que se associar a bandidos adultos quando você pode roubá-los da maternidade e criá-los? Nenhum poderoso chefão obteria tanta fidelidade quanto esta mãe controladora. Sua prole é claramente obcecada pela sua aprovação. É até estranho que não haja tanta competição entre eles. Todos eles tem medo, todos são devotos e todos sofrem com as decisões dela.

Mothers-dayAntes da chegada dos metralhas, a festa rolava solta dentro da casa recém-ocupada por Beth e Daniel Sohapi. O marido entretem os convidados enquanto a relutante esposa tenta disfarçar a dor da perda recente do único filho. A mudança de casa foi o recomeço que eles buscavam. Só que ela pertencia aos criminosos, que descobriram tarde demais que o banco a tomou por falta de pagamento.

Quando a mãe chega na casa, e só ela saberá o que fazer com um filho baleado e um monte de reféns, temos uma pausa na tensão e na violência causada pelos fugitivos. Ela é uma jovem senhora, inofensiva, que se desculpa pelo comportamento dos filhos e até termina de decorar o bolo da festa, como uma demonstração de civilidade e respeito com os convidados. Mamãe enfatiza que se todos se comportarem direitinho, tudo vai dar certo. Mas ela mostra a verdadeira personalidade quando os filhos fazem uma revelação. Como ela não havia conseguido pagar a casa se eles enviam religiosamente pacotes de dinheiro para ela no antigo endereço? Os novos donos dizem não saber de nada, os filhos juram que mandaram. Quem está mentindo?

Mothers day 2A matriarca usa balas, água quente, uma bola de sinuca e até “contos de fadas” para controlar, interrogar, punir e se vingar dos filhos e dos reféns. Ela também promove um torneio sangrento, para a escolha da jovem que irá saciar o desejo do filho moribundo.

Falando nos filhos, temos Ike, o primogênito galã, aparentemente o braço direito da chefe. O perturbado Addley, que assim como a história do ovo e da galinha, não sabemos se sua mãe gosta menos dele por ser um desastrado explosivo, ou o contrário. Ainda temos Johnny, que por suas condições é potencialmente inofensivo, mas acaba se tornando a causa primária de muitos problemas, e Lydia, a caçula em fase de questionar o que os seus irmãos mais velhos já aceitaram.

O filme tem muitos pontos positivos. As atuações são boas, especialmente Rebecca que interpreta a criatura a quem todos naquela casa temem. A sutileza na sugestão de temas como luto e incesto. Os momentos de dúvida dos irmãos em relação à crueldade da mãe e a brincadeira com o significado do nome dos anfitriões (So happy), que acaba revelando as intenções de Ike para um policial. Mas algumas situações são muito difíceis de engolir. Como o desenrolar de cada tentativa de fuga, e a forçada de barra que acaba estragando a surpresa final do filme.

Doentil, improvável, mas muito interessante.