
Buscando respostas sobre o desaparecimento do pai, uma jovem viaja para uma ilha infestada por zumbis.
Um barco é encontrado à deriva, sobre o rio Hudson em Nova York. A guarda costeira se aproxima e é atacada pelo que seria o único sobrevivente na embarcação, se ele estivesse vivo. A paisagem urbana e famosa da cidade é só um gostinho, porque este é um filme italiano de baixo orçamento. Seria um problema, ceder à tentação de filmar na Big Apple. Só que Lucio Fulci já era um diretor experiente e arrumou um jeito de contar a sua história fora da cidade grande, mas não sem antes, largar um ou dois zumbis por lá.
O dono do barco, que velejou para o Caribe com alguns amigos, está desaparecido há mais de um mês. Sua filha Anne, está apavorada, mas a polícia não lhe oferece nada além de olhares desconfiados. Com a ajuda de um repórter, Peter, ela encontra uma carta do pai, contendo a sua possível localização. Logo em seguida, eles partem para uma ilha paradisíaca, a filha por preocupação, o repórter, por interesse.
Lá se vai a idéia de fugir para uma ilha, durante o apocalipse zumbi. Primeiro que, morte tem em todos os lugares, até nos turísticos. Segundo que, 9 entre 10 filmes de zumbis, não revelam as origens da epidemia. É como construir um muro bem alto ao redor da casa, para se proteger do que está lá fora. Quanto mais difícil de entrar, mais difícil de sair também. Como garantir a segurança, em um local cercado de água, caso o perigo seja interno?
Em Matul, uma ilha que todos dizem ser amaldiçoada, apesar de ninguém ter certeza se existe, um cientista tenta conter uma doença, que ele julga ser local. Mal sabe ele, que enquanto faz testes e espera por uma explicação que não seja a macumba, a febre já se espalhou e está vindo com força total em sua direção. Peter e Anne aparecem e não tem tempo para entender o que está acontecendo. Se pensarem demais, morrem.
O grande problema de Zombie, é que o estilo italianesco de fazer terror da época (com muita dublagem e péssimas atuações), pode desencorajar muita gente a passar dos primeiros 10 minutos. O azar é perder alguns dos melhores zumbis, que a falta de grana pode produzir. Fulci é um mestre em deixá-los assustadores, mesmo lentos. Em um momento estilo Thriller, seus close ups característicos fazem toda a diferença, em atores quase sem expressão.
Muitas mulheres no filme, parecem modelos. Devidamente maquiadas e escovadas, independente da situação. Durante a cena em que uma delas parecia estar reinando, solitária e semi-nua, assistimos ao combate mais épico, entre todos os já encenados para um filme trash. Um zumbi contra um tubarão! As próteses do morto vivo, podem ser embaraçosamente falsas, mas o animal é de verdade. É uma cena muito perigosa e sozinha, já garantiria a entrada de Zombie para a história do terror, só que nem é a única cena memorável do filme.
Os ataque dos zumbis, não poderiam ser mais tensos, por mais que as atuações deixem a desejar. Os atacados congelam, ora por medo, ora por descrença e nós, ao invés de sentir raiva, desejamos mortes mais rápidas. Atmosfera é tudo e o filme fica cada vez mais claustrofóbico. Uma prova disso, é que a mesma trilha sonora, usada no começo e no meio, sem muito efeito, fica quase insuportável no final do filme, de tanta ansiedade.
Quem esperava uma explicação natural para os zumbis, se dá mal. Quem esperava qualquer explicação, também. Sobreviver é sorte. Peter e Anne, mesmo depois de passar por um inferno, parecem não ter idéia das dimensões do problema, mas nós temos, então, é bom que questões pendentes sejam resolvidas, dando ao final um ar ainda mais apocaliptico.