Dirigido por Toby Wilkins
Dirigido por Toby Wilkins

Um posto de gasolina é o alvo de um parasita assassino.

O final de mais um ano se aproxima e o Muito Molho gostaria de participar das comemorações. Eu tenho à disposição um grande acervo de filmes que usam o Natal de uma forma deliciosamente macabra, com São Nicolau ou alguém com o uniforme dele, se revelando aos poucos como um vilão sanguinolento, mas eu vou começar a celebração com um filme que não se passa nem perto da data, mas respeita o espírito natalino. É impossível desejar paz nesta categoria de filmes, mas que o bom velhinho não deixe que nenhuma gota de sangue seja derramada sem um propósito, mesmo que este seja apenas unir povos diferentes por um bem comum, com ou sem sucesso.

Um posto de gasolina nunca é o destino de ninguém, é apenas uma parada obrigatória e está sempre nos filmes de terror, como testemunha dos últimos momentos de vários personagens. Em Splinter, não vamos além do posto, mas sem problemas. É um daqueles modernos, com loja de conveniências e produtos dentro do prazo de validade. O inimigo chega sorrateiro e parece indestrutível, pelo simples fato de que toma uma forma confusa e não mostra um ponto fraco, se um existe.

O filme começa com dois casais enfrentando a má sorte separadamente. Polly e Seth só queriam acampar, mas não conseguem nem armar uma barraca sem destruí-la. Próximo dali, Dennis e Lacey estão escondendo o carro que acabou de morrer. Por que não deixar o veículo onde está e procurar ajuda? Porque eles estão fugindo da polícia. O primeiro casal pode até ter a palavra “vítima” estampada na cara, mas a astúcia dos criminosos não lhes dará nenhuma vantagem, nem garante a segurança contra o que está por vir.

Splinter 1É como se machucar com uma farpa de madeira, só que a farpa está viva e a madeira tem sede de sangue. Antes que a loucura aconteça, os laços de confiança entre os casais ficam abalados por um roubo seguido de sequestro que marca o primeiro encontro. Dennis precisa de outro carro, está armado e nervoso. Lacey está sem as drogas há alguns dias e alucina de vez em quando. Seth é um banana e Polly uma encrenqueira. A situação já está delicada quando eles chegam na porta da lojinha, mas como a loucura nunca marcou hora para começar, clientes ainda mais perigosos e instáveis chegam junto com eles para serem atendidos.

Não existe muita explicação sobre as origens daquela coisa, mas não seremos exigentes nesta época de confraternização. Parece um porco-espinho raivoso, mas eu nunca vi um desses para saber com certeza. Ele solta seus espinhos e contamina algumas pessoas, que morrem e o que sobrou delas retorna para contaminar outras pessoas. Não são zumbis comuns, então não adianta mirar o tiro na cabeça. Se uma das partes do corpo de um infectado é decepada, ela se torna independente, caçando os vivos mesmo que solitária.

Splinter em alguns momentos lembra Madrugada dos Mortos, em outros lembra Jogos Mortais, em várias ocasiões lembra até A Família Adams! Uma bagunça de estilos aliada a nenhum pano de fundo e heróis imperfeitos, poderia ser a receita para um desastre, mas o filme triunfa porque não usa nenhum desses estilos gratuitamente. Não é sobre exercer o poder de mostrar qualquer coisa, é sobre criar desespero mostrando que qualquer coisa é possível.

Splinter 2Eu não peço muito. Me dê um vilão perigosíssimo, uma locação original com um disfarce familiar e um pouco de esperança, como quando eles descobrem que existe uma saída. O papai noel não precisa dar o ar da sua graça, não ainda. Estamos há um mês do Natal, então que a única coisa vermelha no filme seja o sangue. Mas entre tripas assanhadas e mortes violentas, vamos nos alegrar em pelo menos ver mocinhos e bandidos trabalhando em equipe pela sobrevivência. Eu só quero que o espírito da noite feliz comece a invadir o Muito Molho, eu não estou nem pedindo que a união realmente faça alguém sobreviver.